O final de semana passou, o adversário mudou, mas o assunto da vez no Avaí continua o mesmo: o volante Bruno, que na semana passada entrou com um processo na Justiça do Trabalho para tentar deixar o clube, gerou surpresa ao ser confirmado entre os titulares para o jogo de hoje à noite, contra o ABC, em Natal.

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A expectativa era a de que o atleta fosse afastados, para que a imagem do clube não fosse manchada, mas o que deve acontecer é algo bem diferente: além de entrar em campo, Bruno será novamente capitão.

Sem chances de acesso e penando para terminar o ano com dignidade, o Avaí enfrenta mais problemas fora das quatro linhas. Além de Bruno, outros dois jogadores movem ações contra o clube: Fábio Santos e Peu, atleta da base, também alegam salários atrasados e o não recebimento de FGTS em litígio contra o Leão. Os três são assessorados pela advogada Mariju Maciel, de Porto Alegre, que há pouco mais de três meses representou o volante Acleisson em uma ação semelhante contra o mesmo Avaí e saiu vitoriosa

– Nós só queremos que a lei seja cumprida – destaca a jurista, que orientou os atletas a seguir treinando até o término da ação – a primeira audiência será no dia 27.

O Diário Catarinense falou com a advogada e esclareceu algumas questões relacionadas ao caso.

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Diário Catarinense – Qual é a situação do Bruno no Avaí?

Mariju Maciel – A Lei Pelé estabelece que o atleta tem direito a romper o contrato com o clube quando há um atraso parcial ou total de salário ou recolhimento do Fundo de Garantia por um período igual ou superior a três meses. Bruno não recebe salários há dois meses e FGTS há mais de três meses, então ele tem o direito de quebrar o vínculo. É o que se pleiteia. A lei diz que quando o contrato é rompido por falta de recolhimento do fundo, o clube deve pagar o contrato integral. Assim, o Avaí teria que pagar todos os salários do jogador até o término do contrato, além dos atrasados.

DC- Quando o jogador manifestou o desejo de deixar o clube?

Mariju – Há mais de um mês, quando começaram a atrasar os salários. Como toda pessoa, ele tem contas a pagar, então ficou preocupado. Quando atrasou o segundo mês, ele ficou incomodado, então chegou pra mim e disse: “Quero trabalhar para alguém que cumpra com suas obrigações, não tenho mais interessa em continuar no Avaí”. Então fomos atrás e verificamos que, além dos salários, o fundo de garantia também estava em atraso.

Antes de dar entrada no processo, o jogador chegou a ter uma conversa com o clube?

Mariju – O Bruno tentou receber amigavelmente diversas vezes, e só depois de não obter êxito é que ele me procurou. Foi aí que entramos com a ação. Depois disso, conversei com o Sandro Barreto, advogado do Avaí. Tratamos de uma possibilidade de acordo, ele ficou de me dar retorno, mas não voltou a fazer contato.

DC – A decisão de continuar atuando pelo clube partiu dele?

Mariju – O Bruno continua por orientação minha. Obviamente, é uma situação extremamente constrangedora, mas a minha orientação é que, enquanto o juiz não determinar o rompimento do vínculo, ele siga prestando serviço.

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