Marieta Severo ocupa de forma legítima um espaço imaterial reservado às “atrizes de verdade”. Aos 68 anos, 50 de carreira e avó de sete netos, coleciona um repertório de trabalhos que vai da resistência política com Roda Viva (1968) ao mundo onírico de Ópera do Malandro (1978), passando pelo universo kitsch de A Grande Família. É uma atriz no aumentativo, mas não faz o chamado “teatrão” – termo que considera pejorativo. Por telefone, ela falou sobre o espetáculo Incêndios, sucesso de público e crítica, em cartaz de hoje a domingo em Florianópolis.
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Incêndios é também um filme homônimo de relativo sucesso comercial (concorreu ao Oscar de Filme Estrangeiro em 2011). Ter a história contada em outro meio ajuda?
Eu e os atores tínhamos um certo medo de as pessoas já terem assistido ao filme. Mas acredito que o sucesso foi por causa do texto, que é muito forte. No espetáculo há personagens que não existem no filme. O filme está focado ma nas ações, e a peça, nas emoções.
O espetáculo estreou em agosto de 2013 e segue com ótimo público. Há fórmula para a longevidade? É o que se chama de “teatrão”?
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Não. Acho que o termo “teatrão” tem um sentido pejorativo, de algo que ficou parado no tempo. Definiria como teatro puro. Hoje temos muita coisa fragmentada, esquetes, como o stand up. Incêndios vai por outros caminhos. A história não é hermética. É uma teatralidade com potência.
Além de Incêndios, o que mais está no seu radar?
Tudo está no meu radar (risos). Estou ensaiando para a próxima novela das 23h, que se chama Verdades Secretas, do Walcyr Carrasco. Também estou trabalhando no filme Aos Nossos Filhos, da portuguesa Maria Medeiros.
A versatilidade sempre foi uma característica na sua carreira. É aquela porção multifacetada tão essencial para um ator de verdade?
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A profissão de ator nos puxa para lugares novos. Mesmo que superficialmente, você vai. A profissão dá essa possibilidade. E eu vou sempre excitada para novos lugares. Essa é a graça.
O Teatro Poeira (ela administra o espaço em sociedade com a atriz Andréa Beltrão) segue firme?
Firme. E completará 10 anos neste ano. Ah, abrimos o Poeirinha também, que é menorzinho, tem capacidade para 50 pessoas. Posso dizer que o que acontece no Poeira e no Poeirinha é muito maior do que o que acontece na minha carreira. Meu maior motivo de orgulho são os teatros.
Você consegue conciliar o papel de atriz com o de administradora?
Não preciso estar lá fisicamente. Consigo resolver muitas coisas remotamente. Mas, claro, tudo isso tem um custo, e eu estou dizendo que eu e a Andréa ainda colocamos dinheiro do nosso bolso para manter os teatros.
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Incêndios versa sobre o amor?
Também sobre o amor, mas não só. O texto fala de violência. Tem uma cena linda do ônibus em chamas. Aquilo é violento, foi vivenciado pelo autor. Mas tem uma frase da minha personagem: “Não há nada mais lindo do que estar junto”. No final, tudo é sobre o amor.
Foto: Leo Aversa / Divulgação

Agende-se
O quê: Incêndios conta a história de uma mulher que, ao morrer, deixa um testamento para que os filhos encontrem o pai e um irmão desconhecido
Quando: hoje e amanhã, às 21h; domingo, às 20h
Onde: Teatro do CIC (Av. Governador Irineu Bornhausen, 5.600, Florianópolis)
Quanto: R$ 70 (hoje e amanhã) e R$ 90 (domingo) – 1º lote, à venda no Blueticket. Clube do Assinante tem 20% de desconto (titular e acompanhante)
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Classificação: 14 anos