“Ser corno ou não, eis a indagação.” A letra de música dos Mamonas Assassinas resume incontáveis histórias da dramaturgia brasileira. O que não faltam em folhetins, sejam de época ou contemporâneos, são maridos enganados por suas danadas mulheres. Em comum, o fato de que a traição invariavelmente ocorre bem debaixo dos narizes dos chifrudos.
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As indesejadas guampas ornam as cabeças de personagens de todas as tramas que estão no ar atualmente na RBS TV. Chamam a atenção dois casos de adultérios que permeiam as histórias principais no horário nobre. Em Avenida Brasil, boa parte do roteiro central se apoia na ingenuidade de Tufão (Murilo Benício), ex-jogador de futebol traído pela mulher há 12 anos sob o próprio teto.
O “toupeirão”, como é chamado pelas costas por Carminha (Adriana Esteves), não só sustenta o cunhado golpista, como também cria dois filhos que não são dele, e sim frutos do caso extraconjugal da esposa. É, como diz a letra de outra música brega, do cearense Falcão, “todo castigo para corno é pouco”.
Outro personagem que foi enganado pela mulher, mas descobriu e lavou a honra com sangue, foi o coronel Jesuíno (José Wilker). Depois de muito proferir a frase que virou hit, “deite que vou lhe usar”, ele esgotou a paciência de Sinhazinha (Maitê Proença), que abriu o coração para o jovem Osmundo (Erick Marmo). Demorou para o coronel desconfiar da clássica desculpa de que a infeliz esposa precisava ir toda semana ao dentista. Jesuíno, porém, está sendo novamente passado para trás. Casou com uma moça saidinha, Iracema (Amanda Richter), que o enganou já na noite de núpcias, mentindo a respeito de sua virgindade. O lençol branco, manchado de sangue de galinha, foi estendido pelo machão na janela após estrear o “uso” da noiva.
– Tomara que essa não lhe bote cornos – bradou a fofoqueira Dorotéia (Laura Cardoso) ao encontrá-lo todo pimpão na rua.
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Mal sabe Dorotéia o quão premonitória a frase é. Para a intérprete de Iracema, sua personagem é mesmo arteira. Como já mentiu no primeiro encontro com o marido, não deve parar por aí – ainda mais porque Jesuíno nunca mais irá se deitar com a moça, deixando-a na total seca.
– Depois de tantas olhadinhas para o ex-namorado, o Antenor (João Cunha), que tirou a virgindade dela, ela pode acabar não resistindo a ele de novo – palpita Amanda.
É como diz o velho ditado: o pior cego realmente é aquele que não quer ver. Abre o olho, coronel Jesuíno.
O mané vai descobrir
Se tem uma coisa que toda a torcida do Flamengo já sabe sobre Tufão (Murilo Benício) é que o ex-craque está sendo passado para trás por Carminha (Adriana Esteves), que fez o marido criar os dois filhos que teve com Max (Marcello Novaes). Apesar dos indícios de que a loira defende demais o aproveitador, Tufão jamais duvidou da boa índole da mulher. Tal postura rendeu a ele o título de bocó da novela, mas muitas colegas apóiam sua dedicação ao lar. Fabiúla Nascimento, a Olenka na trama, é uma das defensoras:
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– Ele é um cara fofo e incrível. Não é um mané. É um cara que tem confiança. Para o Tufão, ela é uma mulher boa, que ajuda os pobres, tem ONG. Ele não a conhece.
Eliane Giardini, mãe de Tufão na trama, polemiza:
– Ele se recusa a enxergar. Tem limite para tudo, né?
Mas não há mal que sempre dure: “Tufa” finalmente irá descobrir a podridão que rola em sua casa. Em cenas que vão ao ar este mês, Jorginho solta o verbo:
– Pai, Max e Carminha são amantes desde que Carminha era casada com o pai da Rita. Eles cresceram juntos no lixão. E Max é o meu pai biológico e da Ágata.
Pensa que Tufão acredita? De cara, não. Mas, depois, ele pensa sobre sua vida e tentará armar um flagrante.
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Jesuíno não tem sorte
O intérprete do bruto Jesuíno (José Wilker) em Gabriela acredita que seu personagem realmente amava a mulher, a quem matou a tiros quando a flagrou na cama com o dentista.
– Acho que ele amava Sinhazinha (Maitê Proença), de um jeito atravessado e nem um pouco romântico. E não sabia o quanto era forte o que sentia por ela – afirma.
Tal sentimento foi mostrado em uma cena recente, quando o coronel se joga na cama abraçado às roupas da falecida. Agora, com a nova esposa, ele começa a rejeitá-la. Iracema (Amanda Richter) já foi “usada” uma vez, mas não cai no “gosto” do coronel. Depois de estranhar o fato de o marido não ter lhe procurado depois do casamento, a jovem pergunta ao fazendeiro o que está acontecendo. Com a delicadeza que lhe é peculiar, o coronel responde:
– Não gosto do teu cheiro.
Jesuíno, então, entrega um vidro de perfume de Sinhazinha (Maitê Proença), e pede que ela, a partir daquele dia, só use aquela loção. À noite, antes de deitar, o coronel tira do armário uma camisola da falecida e pede que Iracema use. Mesmo atendendo ao pedido, ela estranha quando ele não consegue finalizar a relação. O coronel se levanta, furioso, e avisa:
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– Perdi a vontade. A culpa é tua.
Iracema irá sofrer, mas deve recorrer aos préstimos do ex-noivo. Antenor (João Cunha). Ela que abra o olho, pois Jesuíno ameaçou:
– Já matei uma. Por que não posso matar duas? Matar a mulher que trai é direito do marido.
Sofredores em todos os horários
A gente não podia deixar de notar uma divertida coincidência. Curiosamente, dois atores gaúchos interpretam personagens traídos em duas novelas que estão no ar na RBS TV. Em Avenida Brasil, o pelotense Juliano Cazarré interpreta o humilde Adauto, gari que não nota as escapadas de sua musa com o ex-marido a poucos metros de distância.
E na estreante Lado a Lado, Werner Schünemann já entrou na trama destinado a ser traído por sua mulher, doida por dinheiro e prestígio social, em cenas que vão ao ar esta semana. Werner, aliás, é reincidente no perfil chifrudo na ficção. Em Passione, em 2010, ele viveu Saulo, empresário que era enganado pela esposa. Coincidentemente, a adúltera Stela era vivida por Maitê Proença (foto), cuja personagem (Sinhazinha) foi executada em Gabriela por ter pulado a cerca.
Fechando o círculo da história, a safada Stela ia para a cama com diversos caras, observada por Arthurzinho, vivido pelo ator gaúcho Júlio Andrade. E se você quiser achar mais coincidências ainda, que tal esta: Werner e Julinho já contracenaram no longa Tolerância (2000), protagonizado por… Maitê Proença. O papel? Uma advogada que traía o marido. Haja coincidência..
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18h – Lado a Lado
Constância (Patrícia Pillar) está decidida a recuperar o prestígio da família ao conseguir um cargo para o marido, o Dr. Assunção (Werner Schünemann) no governo. Por isso, passou a mimar o senador Bonifácio (Cássio Gabus Mendes) com presentes caros. A bajulação vai culminar em um affaire: a ex-baronesa e o político vão se beijar em capítulo que vai ao ar nesta sexta-feira.
19h – Cheias de Charme
Disputada por muitos pretendentes, a empreguete Penha (Taís Araújo) até agora não tinha sido infiel a ninguém. Desde que começou, sem muita empolgação, um relacionamento com o empresário Otto Werneck (Leopoldo Pacheco), ela andava quietinha. Até que surgiu uma grande paixão, o surfista Gilson (Marcos Pasquim), para levá-la para a cama sem dar tempo de dispensar o rico namorado.
21h – Avenida Brasil
Além de Tufão, a mansão do Divino é populada por galhos em Adauto (Juliano Cazarré). Doido por Muricy (Eliane Giardini) desde que era adolescente, o gari não percebe que o comportamento da namorada mudou desde que ela voltou aos braços do ex-marido, Leleco (Marcos Caruso). Nesta terça-feira, vai ao ar uma cena em que “Muri” e o ex estão se amassando na despensa quando Adauto chega e ouve os gemidos do casal. O pato, porém, acredita na mentira esfarrapada.
23h – Gabriela
Na obra homônima de Jorge Amado, a grande traidora é mesmo Sinhazinha. Mas a personagem-título não fica atrás nem no livro, nem no remake. Descrita como um “espírito livre”, Gabriela (Juliana Paes) não suporta a prisão do casamento com Nacib (Humberto Martins). Em cenas que vão ao ar ainda neste mês, Bié irá se deixar seduzir pelo mulherengo Tonico Bastos (Marcelo Serrado), que está há horas sondando aquele terreno.
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