O empresário Pedro Fávero, 41 anos, acusado de matar a esposa Fabiana Fávero, 37 anos, e esconder o corpo num armário, foi condenado a 28 anos e quatro meses de prisão em regime fechado, mais seis meses de detenção em regime semiaberto.
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Como já estava preso desde o ano passado, quando se entregou à Polícia após ter fugido para o Paraguai, ele continua no Presídio Regional de Chapecó. Foi negado o direito de recorrer em liberdade.
O julgamento, realizado na sexta-feira, durou 14 horas, iniciando às 8h e encerrando após às 22h, quando foi lida sentença. As irmãs de Fabiana e o filho do casal, além de parentes e amigos, usaram camisetas com a frase: “Quem ama não mata”. Também foram colocadas faixas próximas ao Fórum de Chapecó, onde ocorreu o julgamento.

Foram ouvidas 17 testemunhas. O réu respondeu aos questionamentos durante maus de uma hora Ele contou que crime, ocorrido por volta das 18h do dia 4 de julho de 2017, no apartamento do casal, no centro de Chapecó, ocorreu por uma discussão motivada por ciúmes. Segundo o réu ela teria revelado o desejo de separação e o envolvimento amoroso com outro homem.
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De acordo com a denúncia a vítima foi morta com golpes de faca no lado esquerdo do peito e no pescoço. Depois ele escondeu o corpo num armário, numa sala escondida onde guardava armas. Tanto que o corpo só foi localizado por volta das 12h do dia seguinte, por um familiar.
Fávero furtou o carro de um cliente do estacionamento de propriedade do casal e fugiu rumo ao Paraguai. No caminho se envolveu num acidente e abandonou o carro, no Paraná. Depois de 30 horas de negociação com a polícia acabou se entregando.

Fávero se disse arrependido e pediu desculpas à sogra, ao filho e à família dele, que estavam presentes.
O júri popular, com quatro mulheres e três homens, decidiu pela condenação. Ele foi presidido pelo juiz Jeferson Vieira, com a promotora Cândida Antunes Ferreira e o advogado Wilson Gehrard na acusação. A defesa foi do advogado Alexandre Santos Correia Amorim.
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Os jurados reconheceram as qualificadoras de feminicídio, motivo fútil, meio cruel e uso de recursos que dificultaram a defesa da vítima, para o crime de homicídio (24 anos de prisão). O acusado também foi condenado por ocultação de cadáver (um ano), fraude processual (seis meses), furto qualificado (um ano e quatro meses) e porte ilegal de arma de fogo (dois anos). O réu foi absolvido pelo crime de posse irregular de munição de uso restrito.
Uma das irmãs da vítima, Ana Paula Diavan Pereira, manifestou para a NSC que o sentimento é de justiça.
-A gente acha sim que justiça foi feita. Que o júri condenando-o por todas as qualificadores mostrou para os homens que tratam as mulheres como propriedades que a sociedade não vai mais tolerar esse tipo de comportamento. Que não importa as alegações da defesa, nada justifica a violência contra a mulher – disse.
A reportagem não conseguiu o contado com a defesa mas há possibilidade de recurso da decisão.
Nos próximos dias haverá mais dois julgamentos sobre feminicídio em Chapecó, um no dia 2 de dezembro outro no dia 16, segundo informações do Núcelo de Comunicação Institucional do Tribunal de Justiça:
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02 de dezembro: O companheiro sentia ciúmes da vítima que tinha 29 anos de idade. Segundo a denúncia, foi esse o motivo de muitas discussões, inclusive da última que terminou com a morte dela causada por quatro golpes de faca. Foi por volta de 6h40 do dia 27 de abril de 2018, no loteamento Zanrosso, na Grande Efapi. Ele enrolou o corpo num lençol e, de carro, levou até uma estrada que dá acesso a uma comunidade rural de Chapecó. O acusado ainda limpou a casa e lavou as roupas sujas de sangue. O acusado, 52 anos, foi indiciado por homicídio qualificado por uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio. Também responde por ocultação de cadáver e fraude processual. O julgamento inicia às 13h30 no Salão do Tribunal do Júri de Chapecó.
16 de dezembro: A vítima, 27 anos, não queria manter o relacionamento passageiro que teve com o colega de trabalho. Mas ele queria. De acordo com denúncia apresentada nos autos, com o carro do pai dela, levou a moça até o interior de Nova Itaberaba, onde o acusado morava, no dia 28 de maio de 2018. Eram quase 8h da manhã quando ela foi abordada no caminho para o trabalho. Quando o carro parou na garagem da residência, a jovem tentou fugir. Seminua, correu em busca de ajuda, mas o agressor a alcançou. Sete tiros na cabeça causaram a morte instantânea. Ainda conforme denúncia, o homem então seguiu para a casa da ex-sogra, ali perto. Atirou duas vezes contra a mulher de 70 anos que morreu no local. O júri do acusado estava previsto para o dia 9 de dezembro, mas o advogado do réu se afastou do caso e o processo passou para um defensor público. A sessão foi remarcada para o próximo dia 16, com início às 9h no fórum de Chapecó. O acusado, 45 anos, responde por homicídio qualificado por motivo torpe, emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio.
Números que assustam
Atualmente existem, aproximadamente, dois mil processos relacionados à Lei Maria da Penha em andamento na Vara da Violência Doméstica Contra a Mulher, na comarca de Chapecó. Destes, oito são feminicídios. São quase 200 novos processos por mês, sendo aproximadamente 80 medidas protetivas.