A Polícia Civil de Joinville concluiu o inquérito criminal que investigava a morte de Gabriella Custódio Silva com um tiro no peito em 23 de julho, aos 20 anos de idade, e indiciou Leonardo Nathan Chaves Martins, 21, por feminicídio. Marido da vítima, o jovem foi preso preventivamente nesta sexta-feira (9) e confirma ter atirado na esposa, mas diz que o disparo foi acidental.
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Com a conclusão da Delegacia de Homicídios de Joinville, o caso Gabriella passa a ser considerado pela Polícia Civil como o 32º feminicídio cometido em Santa Catarina em 2019. O crime se caracteriza pela maior parte dos casos ter como principais suspeitos o companheiro ou ex-companheiro da vítima e estar relacionado à violência doméstica ou discriminação de gênero.
Encerrado na última quarta-feira, 7, o inquérito deu origem ao pedido de prisão preventiva deferida pelo juiz Gustavo Henrique Aracheski, da Vara do Tribunal do Júri, e cumprida nesta sexta-feira por Leonardo Nathan Chaves Martins. Além dele, a polícia também havia solicitado a prisão preventiva de outras três pessoas no mesmo inquérito, o que foi negado.
Apesar disso, o pai de Leonardo, Leosmar Martins, foi indiciado por fraude processual e posse ilegal de arma. Já outros dois amigos de Leonardo podem responder por fraude processual porque foram encontrados trafegando com o carro usado para levar a jovem até um hospital após o tiro.
De acordo com o delegado Dirceu Silveira Júnior, da Delegacia de Homicídios, com o cumprimento da prisão preventiva nesta sexta-feira, Leornado Martins foi encaminhado ao Presídio Regional de Joinville e já está à disposição da Vara do Tribunal do Júri.
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Polícia faz reconstituição da morte de Gabriella Custódio Silva em Joinville
Celulares de Gabriella Custódio Silva e do marido não foram encontrados pela polícia em Joinville
Fatos que levaram ao indiciamento
A morte de Gabriella Custódio Silva aconteceu no dia 23 de julho dentro da casa dos sogros da jovem, no Distrito de Pirabeiraba. Ela foi atingida por um tiro no lado direito do peito e deixada pelo companheiro Leonardo, na porta de um hospital momentos depois de ser baleada. Segundo o Hospital Bethesda ela já teria chegado sem vida ao pronto-socorro.
Vídeo mostra marido deixando Gabriella Custódio Silva no hospital em Joinville
Em depoimentos prestados à polícia, Leonardo Martins afirmou que a arma teria disparado sozinha. A versão foi confrontada pelos investigadores e um dos pontos considerados para o indiciamento. Para a investigação essa é uma questão que independe de prova, uma vez que "armas não disparam sozinhas e, para uma arma disparar, mesmo com defeito, ela precisa no mínimo de um impacto ou acionamento mecânico".
— Nós entendemos que houve o acionamento mecânico feito pelo investigado — considera o delegado Eliezer Bertinotti, responsável pelo inquérito.
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O delegado afirma ainda que para a decisão soma-se o fato de o celular da vítima, além da arma que teria sido utilizada no dia da morte, não terem sido encontrados. Segundo a versão do suspeito, a arma teria sido comprada por seu pai um dia antes da ocorrência. Ele afirma ainda que o objeto foi jogado no Canal do Linguado no mesmo dia da morte de Gabriella.
De acordo com a polícia, a falta dos objetos, além dos materiais colhidos, depoimentos e a própria reconstituição dos fatos levaram a polícia a indiciar Leonardo Custódio Chaves Martins pelo crime de feminicídio. Um dos apontamentos é a descoberta de um disparo na parede da residência em que tudo aconteceu, vem como a identificação da posição em que estavam tanto Leonardo quanto Gabriela.
— O indiciamento se deu por feminicídio, porque o crime foi apurado nessa condição e no desenvolvimento dos relatos, nada mudou, ela morreu na condição e no âmbito da violência doméstica. Tanto é o fato que ela estava na casa dos sogros em convívio direto e imediato com o companheiro dela. O fato fala por si: houve um disparo do companheiro contra ela no âmbito doméstico — afirma Eliezer Bertinotti, sobre a decisão.
Apesar disso, a polícia diz que conforme informações apurada não foram confirmadas agressões físicas contra Gabriella, apenas discussões que ocorrem entre casais. A sequência do caso se encerra na Polícia Civil e agora segue na esfera judicial.
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Vídeo: "Isso foi uma tragédia. Não me julguem", diz marido de Gabriella Custódio Silva em vídeo divulgado pela defesa
Defesa reforça versão de que tiro foi acidental
Os advogados Jonathan Moreira dos Santos e Pedro Wellington Alves da Silva, que representam a defesa de Leonardo Natan Chaves Martins, reafirmaram em coletiva à imprensa que não houve crime. A defesa reforçou a versão de que o disparo foi acidental e afirmou que isso será provado futuramente na Justiça.
— Ele está colaborando (com as investigações), não cometeu crime, o disparo foi acidental e nós trabalhamos — com essa defesa — desde o inicio. A prisão foi cumprida e agora a tratativa será no Fórum — diz o advogado Jonathan Moreira dos Santos — afirmou Jonathan Santos.
— Ele esta tranquilo e prontamente (ao saber do mandado), quis colaborar. Nos disse "eu não devo nada, o que aconteceu foi um acidente, então eu vou me entregar e a Justiça vai fazer o restante" — continuou Jonathan.
Ainda nesta sexta-feira a defesa de Leonardo busca no Fórum de Joinville ter acesso a decisão que decretou a prisão dele.
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— Iremos ainda hoje, com todos os mecanismos legais, assegurar que ele responda esse processo em liberdade, como ocorria até o momento. O Leonardo compareceu em todos os atos intimados, em momento algum ele se esquivou, e hoje foi mais uma prova disso — apontou Pedro Silva.