No primeiro dia após a liberação pela Justiça Federal maricultura na Grande Florianópolis, outro desafio começava a despontar. Os produtores têm que combater o receio das pessoas em adquirir os moluscos sem a confirmação de que não houve contaminação por ascarel no Sul da Ilha.
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Eva Maciel, 60 anos, sente a dificuldade de retomar o trabalho e comércio no Ribeirão da Ilha.
-Hoje (terça-feira), a gente não atendeu ninguém. O pessoal não entende que a questão do óleo e a liminar cassada são duas coisas diferentes-, relata.
Mesmo com a liberação, ainda não há o que comemorar. Eram 7h30 de terça quando a maricultora voltou às atividades normais. Mas dia nem engrenou e ela já ficou desanimada.
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-Nem o cara do picolé não consegue vender, está difícil até recuperar tudo…O Ribeirão parou-, lamenta.
Para os cultivadores familiares, a perda destes cinco dias e da restrição feita pela Fatma não está contabilizada. Os donos de empresas de produção chegaram a planilhar os prejuízos iniciais, mas não divulgaram os números.
Segundo o presidente da Associação Catarinense dos Aquicultores, Antônio Mello, a entidade vai entrar na Justiça pedindo ressarcimento. Se for confirmada a presença de ascarel nas ostras e mariscos, toda a produção entre a Praia da Mutuca, na Tapera, e a Freguesia do Ribeirão da Ilha, terá que ser incinerada.
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O presidente da Federação das Empresas de Aquicultura de Santa Catarina, Paulo Antônio Constante, também destaca que o prejuízo vai ser grande. Além de não comercializar, há ainda a perda na imagem do produto.
-Foi bastante forte o impacto-, destaca.
Quando sair o resultado do laudo, a federação também pretende entrar na Justiça contra a Celesc ou a UFSC para pedir indenização.
Perícia concluída
A Polícia Federal terminou nesta terça-feira a perícia no local de vazamento, que ainda não tem prazo para ser concluída. O delegado Raimundo Lopes Barbosa, da Polícia Federal, informou que os próximos passos do inquérito serão ouvir os vigilantes e supervisão de segurança do local para confirmar quem foi informado do acidente e por que não foi tomada nenhuma atitude. Barbosa está com o livro de segurança analisando os relatos feitos pelo guardas que estavam no local no dia que começaram os vazamentos.
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A Celesc começa a retirada do material contaminado quinta-feira de manhã. Uma empresa de Joinville foi contratada para fazer o serviço. Os produtos sólidos serão incinerados e o líquido tratado quimicamente, armazenado e depois descartado num aterro industrial.
Segundo o assistente da Diretoria de Distribuição, Pablo Cupani Carena, a remoção deveria ter sido feita na semana passada, mas foi paralisada por causa do fechamento da área pela Polícia Federal. Em 60 dias, a Celesc pretende apresentar um plano de recuperação da área afetada.