Há exatos três anos, cinco ranchos de pescadores que ficavam na beira da praia de Santo Antônio de Lisboa, em Florianópolis, foram destruídos em um incêndio, e até hoje não foram recuperados. Apesar de várias promessas de reconstrução, a realidade dos trabalhadores é bem mais cruel: eles atuam debaixo da chuva, do sol forte, e não possuem um espaço para guardarem todos os seus materiais. Na manhã desta quarta-feira, uma triste “comemoração” com bolo, vela e refrigerante marcou a data e o descaso.
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O maricultor José Alberto Queiroz, de 66 anos — o pioneiro no cultivo de ostra em Florianópolis — e que teve seu rancho destruído, tomou a frente da luta e questiona a lentidão para a recuperação das casinhas. Segundo ele, a última promessa ocorreu em outubro do ano passado, após o Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis) apresentar o projeto da reconstrução.
— Pediram para protocolar o projeto no Pró-Cidadão, para retirar o alvará de construção. Estive lá todos os meses, e o processo não tinha andado. Este mês fui lá e descobri que voltou para o Ipuf — lamentou o maricultor.

O que Queiroz ouviu é que o projeto para a construção dos novos ranchos, a pedido da Procuradoria da União, teria que apresentar alvará dos bombeiros, vigilância sanitária e indicar onde os resíduos das ostras seriam jogados.
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Uma reunião com o novo superintendente da Pesca, Maricultura e Agricultura de Florianópolis, Adriano Weickert, ainda nesta quarta, deve indicar uma solução. Por enquanto, a prefeitura explicou que “esta é uma obra que a gestão passada prometeu e não realizou”.
— Eu me sinto humilhado. Nós estamos brigando para trabalhar. A única coisa que quero é trabalhar com dignidade — desabafou Queiroz, bastante emocionado ao contar sua trajetória.
Veja o vídeo:
Pescadores esperam há três anos por reconstrução de ranchos queimados