Há 25 anos, Maria Dejanir Breis trocou de profissão, mas continuou usando o mesmo instrumento de trabalho: a tesoura. De costureira, ela passou para o ofício que já despertava interesse desde jovem, quando era ela quem cortava os cabelos dos irmãos. Hoje, conhecida e respeitada no bairro onde mora, o Guanabara, na zona Sul de Joinville, ganhou até uma comunidade em um site de relacionamentos, o Orkut: “Eu já cortei o cabelo na Deja”.

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O salão de beleza que começou na sala da casa de madeira, agora ocupa boa parte da casa de alvenaria. Dona Deja, como é conhecida, conta com uma grande equipe de trabalho, mas é somente ela quem assume o comando da tesoura, trabalho que garantiu o sustento aos seus três filhos, hoje todos adultos e casados. Mas se engana quem pensa que dona Deja é procurada apenas por causa das habilidades profissionais. Os conselhos e o ombro amigo são características que fizeram com que muitos dos clientes acabassem tendo um relacionamento mais próximo.

– Não tenho apenas clientes. Eles também são meus amigos.

A jovialidade da cabeleireira não está somente no corte curto e repicado dos cabelos, mas também no modo dela de viver.

– Nunca reclamei dos meus problemas. Procuro estar sempre de bem com a vida – conta.

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Mas para manter o sorriso fácil, ela teve de passar por dois duros golpes do destino. A vaidade que ela sempre manteve presente no seu salão de beleza foi abalada depois que seus cabelos caíram por causa de um câncer de mama, há 18 anos. Sem deixar a peteca cair, mandou fazer uma peruca com o cabelo de uma das filhas. Não demorou muitos dias para que dona Deja retornasse, ainda que frágil por causa da quimioterapia, à sua rotina diária. Com o pensamento de que “a doença nunca pode ser mais forte”, a cabeleireira se recuperou, mas teve de conviver novamente com o problema 16 anos depois.

O apoio da família e dos amigos foi fundamental para que conseguisse atravessar mais este obstáculo, lembra. Do câncer, além de um estímulo para continuar vivendo, dona Deja também despertou a paixão pelo voluntariado.

– No hospital, eu percebi como é importante receber uma visita – conta a cabeleireira que vai até o Hospital São José para oferecer gratuitamente os seus serviços.

Com 58 anos, ela não tem planos de parar tão cedo de cortar cabelos. Considerada por Deja como uma paixão, a profissão garante a ela uma vida estável e a companhia constante dos amigos.

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