A novela Avenida Brasil, que vai ao ar pela RBS TV, teve mais um desdobramento dramático esta semana. A vilã Carminha (Adriana Esteves) teve todas as suas armações descobertas, foi escorraçada da mansão onde vivia e ainda levou uma bofetada do marido traído, Tufão (Murilo Benício), que disse que a mataria. A trama bateu recorde de audiência.

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Na internet, o público se regozijou com os insultos, tabefes e empurrões trocados na tela. Algumas pessoas, porém, questionaram a violência empregada por Tufão.

– Muitos telespectadores sentiram- se vingados. Mas o que passa pela cabeça do sujeito em casa, que cresceu em uma sociedade machista como a nossa, quando vê um dos heróis da trama empregando violência doméstica – disse o jornalista e professor Leonardo Sakamoto.

Maria da Penha Maia Fernandes, 67 anos, farmacêutica que dá nome à Lei 11.340, sancionada pelo ex-presidente Lula em 2006, acha que não seria o caso.

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– Essa mulher, Carminha, não tinha a liberdade cerceada nem corria risco de morrer. Não era humilhada nem impedida de sair de casa, coisas que poderiam caracterizar uma violência motivada pelo gênero, doméstica – diz ela.

Maria da Penha, no entanto, diz que o fato de uma mulher trair o marido não justifica a agressão. Mas enxerga, no caso de Carminha, “uma violência causada por valores morais, que motivou outras mulheres da novela a aprovarem o resultado”. Para a delegada Isilda Cristina Vidoeira, Carminha poderia, sim, denunciar Tufão.

– Eu não julgo a sua conduta. Mas ela é mulher dele e foi agredida – diz.

– Se você perguntar se gostei de ver Carminha apanhar, digo que sim. Mas está certo? Não, não está – completa.

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– Qualquer mulher agredida fisicamente pelo marido poderia e deveria denunciá-lo, mas Carminha teria de prestar contas das denúncias que existem contra ela… – afirma Adriana Esteves.

– As pessoas na internet e o público na rua se estressam e torcem (com a novela) como se estivessem vivenciando um fato real – completa a atriz.