Mares do Desterro será exibido pela primeira vez em Santa Catarina nesta quarta-feira (28) no encerramento do Florianópolis Audiovisual Mercosul (FAM). O filme se passa na Praia da Solidão, em Florianópolis, e tem toda a produção e execução ligadas à cidade. Sandra Alves é diretora do longa e comentou com a reportagem do NSC Total sobre o protagonismo feminino da equipe, envolvimento da comunidade do Sul da Ilha e curiosidade sobre a estética artística.
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Da equipe à narrativa, a igualdade de gênero é o ponto central da produção catarinense. Com liderança feminina, a maior parte da equipe contratada é de mulheres, o que não é muito comum no mercado audiovisual, segundo Sandra Alves. Já a personagem principal do filme é uma figura feminina e revolucionária.
Esse conjunto é “um grito de chega”, diz a diretora, ao predomínio de homens brancos na indústria cultural. A força da obra também se traduz na estética, que usa apenas preto e branco em todas imagens. A diretora explica que essas cores, para ela, produzem mais dramaticidade e intensidade — necessário para o efeito que queria criar. Ela brinca que o mais difícil, nesse caso, foi “desapegar do azul do mar”.
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Outra protagonista da produção é a Ilha da Magia, Florianópolis. Isso porque a diretora é manezinha, o cenário é a Praia da Solidão, que também virou set de filmagem e teve mobilização da comunidade local. Alves explica que três bases foram montadas no bairro para atender as mais de 50 pessoas que trabalhavam na equipe, incluindo a própria casa dela.
— Teve uma economia solidária no bairro com hospedagem, alimentação, montagem e desmontagem da cenografia e até figuração. Tem uma cena que toda figuração é a comunidade e eles estavam orgulhosos de estar ali — conta a diretora.
A ideia de ter como cenário a Praia da Solidão começou por uma questão econômica, pois era necessário controlar o dinheiro destinado para a película. Isso porque o projeto foi vencedor em 2016 do edital da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual.
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Com R$ 1,25 milhão recebidos em 2018, ele iniciaram a preparação do longa, que foi filmado entre março e maio de 2019. A questão financeira é um dos principais desafios da produção independente, como indica a diretora.
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— Sempre é precário prêmios, nunca pagam o que custa uma produção cinematográfica. A gente potencializa muito os recursos públicos, põem muito mais daquele valor porque sao os recrusos humanos, tem parcerias incríveis no filme — diz Alves.
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Mares do Desterro é o filme convidado da 26ª edição do Festival Internacional de Cinema Florianópolis Audiovisual Mercosul (FAM) e encerra a produção de uma semana na capital catarinense. A exibição acontece nesta quarta-feira, às 20h30min, no Cine Show Beiramar. A diretora afirma que é uma grande felicidade estar na programação do festival, ainda mais em um local de prestígio, como filme convidado.
— Tô super feliz. Ver a película na tela, que reverbera na retina das pessoas é o resultado do filme. Ver na tela do FAM vem de encontro a uma questão que me interessa, romper com competições e voltar para coisas mais cooperativas, que tem a ver com o nosso processo — explica a diretora.
O lançamento oficial do filme ainda não aconteceu por conta da pandemia. A primeira vez que foi exibido foi na 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 2021, e depois passou por várias premiações em outros países, como Argentina, Alemanha e Estados Unidos. A exibição do FAM 2022 será a primeira no Estado de origem.
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Sinopse de Mares do Desterro
Uma família vive isolada há 10 anos numa praia deserta. Ali, o tempo é outro, é outra a dimensão do afeto. Enclausuradas pelo espaço, as relações são condensadas e tornam-se brutais. O mesmo domínio revela a experiência daquele que se submete e daquele que resiste e enfrenta. Isolada com a família numa ilha selvagem, Divina guarda um segredo que pode abalar as suspeitas de seus pais sobre o desaparecimento da irmã.
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