Acuado pelas condenações já recebidas no julgamento da Ação Penal 470, conhecida como processo do mensalão, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o publicitário Marcos Valério parece ter resolvido contar parte da história que sabe.

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Na semana que passou, Valério foi condenado pelos ministros por lavagem de dinheiro – ele já havia sido condenado por corrupção ativa e peculato. Ainda falta o julgamento pelos crimes de evasão de divisas e formação de quadrilha. Mesmo assim, o empresário sabe que deve ter uma pena alta. E viveria um dilema: contar tudo o que sabe ou continuar quieto.

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Em reportagem publicada pela Veja, baseada em interlocutores do publicitário, Valério teria dito que havia um pacto firmado entre ele e o PT: ele assumiria crimes que não cometeu sozinho e protegeria alguns figurões. E em troca, teria penas mais brandas.

– Não podem condenar só os mequetrefes. Só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio e o Zé não falamos – teria dito o empresário a pessoas próximas.

A primeira das acusações que teriam sido feitas por Valério é de que o caixa do PT para pagar políticos seria muito maior do que o revelado pelo escândalo do mensalão. A acusação do Ministério Público Federal diz que o esquema seria abastecido por cerca de R$ 55 milhões oriundos de empréstimos feitos por Valério junto aos bancos Rural e BMG, que se somariam a R$ 74 milhões desviados da Visanet. Para o empresário, apontado como responsável pela engenharia financeira, o valor seria muito superior: beira os R$ 350 milhões. Segundo a Veja, a origem deste dinheiro seriam transações heterodoxas como o do esquema montado por ele e viriam de empresas, por meio de doações diretas e empréstimos. O que as movia seria a perspectiva de obter facilidades no governo.

Valério teria garantido que o fiador de todas as operações seria o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, a revista não teria ouvido isso do próprio empresário. Apenas reproduziu o que ele teria dito a parentes e amigos próximos. Segundo relatos, Lula se empenharia diretamente para garantir o esquema, que não teria deixado nenhum rastro, Delúbio Soares seria o controlador de toda a contabilidade, mas, além disso, também ajudaria a definir quem seriam os políticos a receber os recursos. Tudo isso, teria sido registrado em um livro mantido a sete chaves pelo tesoureiro do PT.

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