Foi como um pintor profissional de 47 anos, nascido em Umuarama (PR) e com o primeiro grau completo que Marcos Antônio de Queiroz se identificou à Polícia Civil na delegacia de Indaiatuba, no interior de São Paulo, na tarde da última terça-feira.

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Minutos antes, o homem que era conhecido em Joinville como presidente de um grupo de empresas do ramo imobiliário era preso em uma operação montada silenciosamente pela Polícia Civil joinvilense.

A prisão de Queiroz, 20 dias depois do sumiço dele de Joinville, pode representar a primeira de uma série de respostas a questionamentos e decisões que tiraram o sono e deixaram no prejuízo quase 250 pessoas na cidade.

Segundo o coordenador da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Joinville, delegado Marcel de Oliveira, que liderou a operação, Queiroz já tinha novos negócios no interior de São Paulo.

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– Ele estava lá desde os primeiros dias, praticando atos semelhantes aos que tinha praticado aqui em Joinville. Já estava vendendo imóveis e abrindo uma empresa de empreendedorismo em Indaiatuba – disse Marcel, na volta à cidade, por volta das 22 horas de ontem.

Com a informação de que ele estaria em um cartório da cidade do interior de São Paulo, os policiais que o seguiam o prenderam na calçada, no fim da tarde de terça-feira. Segundo a polícia, ele estaria preparando um contrato no momento em que foi preso.

Queiroz passou a noite em uma unidade de detenção temporária e foi ouvido informalmente pelos investigadores joinvileneses. Os quatro policiais que foram a São Paulo chegaram com o empresário por volta das 22 horas de ontem. Ele deve permanecer preso, à disposição da Justiça, em Joinville.

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Queiroz começou a ser procurado logo depois que faltou a uma reunião com seus funcionários para negociar salários atrasados, no dia 1º de agosto. A ausência dele no encontro foi o estopim para que clientes revoltados e temendo ficar no prejuízo invadissem suas lojas de material de construção e saqueassem os produtos.

O número de boletins de ocorrência feitos contra ele e o Grupo Marcos Queiroz levou a Polícia Civil a instaurar um inquérito. A prisão dele foi decretada na terça-feira, horas antes de ele ser preso.

O delegado Luiz Fernando Marucci, responsável pela delegacia da Polícia Civil de Indaiatuba (SP), disse ontem à tarde, por telefone, que apenas auxiliou a equipe de investigação de Joinville. Um dos agentes da delegacia chegou a manifestar alívio com a prisão.

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Investigação

Desde os primeiros dias após o sumiço do empresário, a polícia de Joinville buscou informações no interior de São Paulo, onde ele tinha uma casa e onde moravam advogados que haviam trabalhado com ele.

Segundo o coordenador da DIC, o monitoramento ocorreu com a ajuda de uma equipe de policiais de Indaiatuba. De acordo com Marcel, assim que a Justiça autorizou a prisão, os policiais o interceptaram.

– A decisão saiu por volta das 15h30 e às 17 horas ele já estava preso – disse.

Quando foi detido, Queiroz teria dito aos policiais que tentava recomeçar a vida em São Paulo, mas sabia o tamanho do problema que tinha deixado em Joinville.

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Contraponto

Algemado, de cabeça baixa, Queiroz não quis falar com a imprensa. Os advogados dele devem conversar hoje com os três delegados que coordenam as investigações.

Desde que desapareceu da cidade, “A Notícia” tem tentado contato com ele. Dezenas de telefonemas foram feitos para os números particulares e residencial, mas nenhuma ligação foi atendida ou retornada.