Ao contrário do que se imagina, a cultura em Joinville não nasceu da dança na década de 1980, com a apresentação do primeiro festival. Inclusive, as manifestações culturais iniciaram muito antes da chegada dos primeiros imigrantes, quando luso-brasileiros e afrodescendentes já habitavam a cidade.

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De forma sistemática, no entanto, com a criação de instituições, a cultura passou a se estabelecer na cidade após a chegada dos europeus, que trouxeram suas práticas. Entre elas, a prática de tiro, de canto, ginástica e teatro. Neste período também foi fundada a casa comercial que, anos mais tarde, fundiu-se com a Harmonia Lyra.

— Essa cultura dos imigrantes se caracterizou muito por esse associativismo, de criação de associações comunitárias. O próprio Corpo de Bombeiros Voluntários, primeira associação voluntária, foi trazido por eles. A vida cultural em Joinville foi bastante intensa no século XIX — afirma Dilney Cunha, historiador e coordenador do Arquivo Histórico de Joinville.

Porém, no início do século seguinte, por conta da campanha de nacionalização instituída dentro do Estado Novo no governo de Getúlio Vargas, muitas dessas práticas foram proibidas por serem mal vistas e, consequentemente, as associações e clubes foram fechados.

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Nesta época, com intuito de instaurar o português como único idioma — já que a maioria na cidade era imigrante e falava alemão — , a cultura ficou estagnada e as práticas mais restritas. O canto, por exemplo, era manifestado apenas dentro das casas, como explica Cunha.

Feitos culturais importantes

Uma iniciativa importante na década de 1930 foi a criação da Associação Joinvilense de Amadores de Orquídeas, que foi palco da primeira exposição de flores e artes e, seis anos mais tarde, virou a Festa das Flores. O evento também chegou a ser proibido por conta da política de Vargas.

— Em termos de dança, já existia a prática no século XIX, embora mais amadora. uma pessoa que incentivou bastante a prática foi a primeira professora de dança da cidade, Liselott Trinks, já em 1930, mantinha as aulas regularmente na Harmonia Lyra. Ela era filha de imigrantes e os pais eram os dirigentes e fundadores do local — explica Cunha.

Já o primeiro Festival de Dança, que fez sua estreia em 1983, foi sediado em vários lugares antes de se estabelecer no Bolshoi, fundado nos anos 2000. O evento já teve edições no Harmonia Lyra, no Ginásio Ivan Rodrigues e até na Casa da Cultura.

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Festival de Dança de Joinville
Festival de Dança de Joinville movimenta cultura e economia há quase 40 anos (Foto: Nilson Bastian)

Diferente do que é visto hoje, onde pessoas do Brasil todo e até de outros países vêm prestigiar e participar da programação, o festival começou pequeno e enfrentou inúmeras dificuldades no início por conta das fortes enchentes na cidade.

Cunha também cita outras iniciativas como importantes para manutenção da cultura local, como Museu Nacional da Colonização, Museu de Arte de Joinville (MAJ), Museu do Sambaqui e o próprio Arquivo Histórico.

Inaugurada em 2014, a Fundação Juarez Machado também ganha destaque nacional e internacional e, de certa forma, leva Joinville para o mundo.

— O Juarez é a figura icônica de Joinville, que ganhou destaque internacional. E ele fala de Joinville, coloca Joinville na sua arte. Embora a arte dele não seja joinvilense e tem referência de outros artistas, mas quando ele pinta uma bicicleta, tu sabe que é daqui. E, por isso, tem uma contribuição para a cultura da cidade — destaca o historiador.

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MAJ
MAJ é um dos museus históricos da cidade (Foto: Arquivo Histórico de Joinville )

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