O clima de apreensão motivado pela crise financeira continua se espalhando pelo ramo industrial da serra gaúcha. Para ajustar o quadro de trabalhadores à demanda de pedidos, a Marcopolo, empresa de Caxias do Sul, concederá férias coletivas para um grupo de 1,8 mil funcionários de sua planta no bairro de Ana Rech.

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O diretor de administração da fabricante de ônibus, Milton Susin, destaca que a parada de 20 dias envolve profissionais que já têm férias vencidas. Com isso, momentaneamente, o turno da noite será fechado. Contudo, Susin descarta demissões por enquanto.

– Entendemos que assim atravessaremos esse período com mais tranquilidade. Não estamos pensando em reduzir pessoal e não queremos que isso aconteça. Se for preciso, vamos analisar outros dispositivos que se possa lançar mão, como a flexibilização, com o banco de horas, ou a redução da jornada – avaliou o executivo.

A meta é aproveitar esse período de trabalho menos intenso para acertar o passo para o aquecimento da produção, que pode ocorrer a partir do segundo trimestre. Sob essa ótica, não valeria a pena demitir e depois recontratar trabalhadores.

Susin salienta a importância de sindicatos, empresários, trabalhadores e governo se unirem para encontrar alternativas para evitar demissões e amenizar as dificuldades das companhias. Embora o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias, Assis Melo, afirme que o melhor caminho não é a redução dos “poucos” direitos dos trabalhadores – o que desestimularia o consumo e agravaria o cenário de recessão, segundo ele -, a discussão sobre a flexibilização da jornada inevitavelmente estará na pauta do setor neste primeiro trimestre.

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A Marcopolo já havia concedido férias coletivas a todos os funcionários no período de 22 de dezembro a 12 de janeiro. As duas plantas caxienses da fabricante, situadas nos bairros Ana Rech e Planalto, empregam hoje 7,6 mil funcionários.