Último candidato a confirmar o interesse na disputa pela Prefeitura de Joinville, Marco Tebaldi (PSDB) vem mantendo a rotina iniciada em 2000 de participar das eleições municipais. A exceção foi em 2008, quando, ao final do segundo mandato, não poderia concorrer e lançou Darci de Matos, hoje no PSD.
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Tebaldi foi o vice de Luiz Henrique da Silveira em 2000 e prefeito reeleito em 2004 – as duas vitórias foram conquistadas no primeiro turno. Em 2012, tentou voltar à Prefeitura e ficou em quarto. Ao longo do ano passado e início de 2016, Tebadi alegou que o candidato do PSDB deveria ser Paulo Bauer, mas o senador não chegou a cogitar a possibilidade. Agora, Tebaldi se lança novamente com um discurso de mais preparado e motivado.
– Não quero pensar daqui a dez anos que tive a chance, a oportunidade, e não contribui – diz o candidato do PSDB, contumaz crítico do governo Udo.
Na campanha eleitoral, o tucano, em segundo mandato como deputado federal, tem feito comparações de ações de seu governo com os sucessores, em especial com a atual administração e costuma repetir: “Fizemos mais com menos”.
A escolha da delegada aposentada Marilisa Boehm foi definida como estratégica para a busca de mais espaço junto ao eleitorado feminino e reforço da atenção com a segurança pública. Tebaldi é engenheiro sanitarista e tem 58 anos.
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Confira a série de entrevistas com os candidatos a prefeito de Joinville em 2016
A Notícia – Em 2012 e em 2016, não havia interesse em concorrer. Por que está disputando?
Marco Tebaldi – Em política, não dá para dizer que dessa água não beberei. Você viu o quanto que eu tentei não ser candidato, tentamos o Ivandro, o Paulo Bauer, mas chega um ponto em que você não tem saída. Não vimos uma alternativa boa para composição.
AN – Não teve como fechar uma aliança com outro candidato?
Tebaldi – Com todo o respeito, não tínhamos confiança de que Darci iria concorrer. Ele já me deixou na mão na outra eleição (em 2012, Tebaldi desistiria para Darci concorrer, mas o deputado do PSD preferiu ficar fora). Não encontramos uma aliança segura. Poderia ser o Darci, mas isso não se construiu. Nosso candidato seria o Paulo Bauer e não foi. Daí vem o Aécio Neves, com quem tenho boa relação, e ele me diz que precisa de mim, que o PSDB precisava ter candidatos nas principais cidades.
AN – E teve que ser o senhor…
Tebaldi – Chega um ponto em que não tem saída. Dessa vez eu estou mais motivado porque sinto que posso ajudar. Meu primeiro sucessor não fez, o segundo sucessor, o atual, fez menos ainda. Tenho claro o que posso fazer, onde errei. Estou mais preparado, sei onde errei, posso motivar mais a cidade, estabelecer parceria com os servidores, com a iniciativa privada.
AN – Por que mais experiente?
Tebaldi – Eu fui secretário de Educação do Estado. Até então, eu tinha a noção de que a educação de Joinville, a educação de Santa Catarina, eram boas. Mas isso perante o cenário nacional, mas no cenário internacional não tem. Perante o mundo, estamos devendo. Por isso venho com a proposta do ensino integral. Talvez seja o principal fator que precisa ser feito.
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AN – Seria sua principal prioridade?
Tebaldi – É a principal. Eu tenho condições de retomar a pavimentação comunitária. Acho que posso fazer uma parceria para terminar a Arena. Conversei com o ministro da Saúde e tenho bem claro que posso terminar, equipar e humanizar o Hospital São José. Dá para fazer o prontuário eletrônico, que é um sistema muito bacana e sei como funciona.
AN – Mas como bancar o custo da ampliação do ensino integral?
Tebaldi – No ensino infantil, vamos cumprir o que prevê a Lei de Diretrizes e Bases da Educação e ampliar. Tenho um plano para fazer parcerias para construção de creches. Depois, eu tenho plano para parcerias com as creches comunitárias. Quero chamar a iniciativa privada para construir as creches. Podemos fazer uma modelagem de a Prefeitura pagar o aluguel até que o investimento seja pago. O município recebe dinheiro para custeio, posso fazer parceria com Ajorpeme e Ajocedi.
AN – E no ensino fundamental?
Tebaldi – O que era o principal problema no fundamental quando eu era o prefeito? O turno intermediário. O Carlito Merss diz que foi ele que acabou com isso, lógico que ele operou isso, mas fomos nós que entregamos as escolas prontas, foi ali que se encerrou o turno. Hoje não temos mais isso, por isso construímos 447 salas de aula. Tem algumas escolas que já têm ociosidade. Até há regiões que precisam de escolas, mas há locais onde não precisa mais, já tem vagas sobrando. Como vamos fazer? Em tese, não vamos precisar gastar o dinheiro para construir. Mas teremos que reformar, ampliar, construir ginásio e anfiteatro onde não tem. Eu tinha pensado em fazer uma série por ano. Hoje já estou pensando em fazer por local, por região. Pega uma região que tem menos alunos, tem que fazer um convênio com o governo do Estado, de passar para nós escolas que têm menos alunos. Podemos redistribuir os alunos. Vai ter bairro que tem demanda grande, vamos ter que construir um centro e levar os alunos para lá. É possível fazer com o dinheiro dos 25%, de forma gradativa. Quero fazer pelo menos 50% (do ensino integral).
AN – Por que agora o seu plano de governo não traz meta de asfaltamento?
Tebaldi – Por que ficou muito vulgarizado, o Udo prometeu 300 quilômetros e não fez. Ficou ruim isso. Eu vou retomar, fazer o máximo possível. Eu não tenho noção de como está a necessidade das pessoas, porque vou fazer a pavimentação comunitária, com participação dos moradores, tem que ver se estão interessados. Na época que eu saí, estava no auge, todo mundo queria. Agora tem a crise, tem que ver a demanda, por isso fica difícil de dizer o quanto fazer.
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AN – O seu governo dizia que elevados eram necessários, mas outras obras, como binários, eram mais importantes? Mudou de ideia?
Tebaldi – Eu dizia que não ia fazer elevado só para agradar, para dizer que Joinville tinha elevado. Tem que ver se é funcional. Tem locais em que uma rotatória bem planejada funciona melhor do que elevado. Elevado tem que ser em série, aí funciona. No Eixão Norte Sul, nós vamos ter sete elevados, aí vai de fora a fora e anda.
AN – O Eixão foi tema da campanha de 2008 e ainda não saiu. O Carlito também dizia que só tinha um protocolo quando ele assumiu…
Tebaldi – Mas o Darci não ganhou, senão tinha saído. Não era só protocolo não, te levo lá e mostro. Não tinha para tudo, mas havia R$ 80 milhões.
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AN -Há outra grande obra necessária?
Tebaldi – A grande obra é o Eixão. Não tem problema de meio-ambiente. Tem que conseguir o dinheiro para executar, mas isso a gente arruma.
AN – A ponte do Adhemar Garcia é necessária?
Tebaldi – Essa ponte pode ser feita, deve ser feita quando a Beira-mangue estiver pronta, com quatro pistas, levando o trânsito para o Centro. Aí tudo bem. Mas sem isso, a sorte é que não saiu. Dizem que vai desafogar o Centro, mas como? Vão jogar todo o trânsito em uma rua de oito metros. Vai ser o maior caos do mundo se não tiver a Beira-mangue.
AN – No seu plano de governo, são citados os lotes urbanizados. Serão distribuídos lotes?
Tebaldi – Moradia é um conjunto, lotes, casas e apartamentos. Tem que ver a demanda, o lote pode ajudar uma família a começar, vai construindo aos poucos. Já funcionou assim. O que temos que fazer também é a regularização fundiária, falei com os cartórios, temos que fazer. Tem
R$ 2 milhões no Ministério das Cidades e o município não pegou.
AN – Em 2018, tem a revisão do Plano Diretor. O que tem de mexer?
Tebaldi – Temos que avaliar, ver para onde a cidade cresceu mais. Temos que abrir espaços para conjuntos empresariais, principalmente nos bairros.
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AN – E na saúde, qual o gargalo?
Tebaldi – Tem que dar jeito, correr atrás. Tem que buscar dinheiro para concluir o Hospital São José, equipar e humanizar. Na questão das filas e das cirurgias, pretendo fazer convênio com o Hospital Bethesda, sai mais barato. Quanto a um novo hospital, daria para defender um de trauma, regional, perto da BR-101, para desafogar o São José. Mas para nós administrarmos não tem chance de fazer um novo hospital, nem um novo PA. Em relação às filas de consultas e exames, temos que interligar tudo, com o prontuário eletrônico. Com o prontuário, vamos economizar e organizar, não vai ter mais fila para marcar consulta e exame, o sistema vai marcar.
AN – Se o senhor vencer a eleição, vai dar para notar logo que trocou o prefeito?
Tebaldi – Vai dar para notar logo no dia 2. Vou arrancar os tachões em frente ao Mercado Público Municipal (novo corredor) e liberar aquela avenida. Sou o maior defensor dos corredores, mas bloquear uma avenida para passar dois ônibus por hora? Bloquear o eixo da cidade? Por que não fizeram no Centro? O maior problema é a saída do terminal até a Getúlio Vargas. E o primeiro ato a ser assinado será a contratação do sistema do prontuário eletrônico.
AN – Vai ter que arrumar a casa?
Tebaldi – O atual prefeito diz que está colocando a casa em ordem há quatro anos e está devendo para todo mundo. Não tem que esperar colocar a casa em ordem, tem que fazer.
AN – A economia vai estar melhor em 2017?
Tebaldi – Não, vai ficar a mesma coisa. Mas o que vou fazer? Vou fazer uma administração, tem que fazer diferente. Vou chamar os servidores para fazer parceria, respeitá-los, incentivá-los e dizer que estamos no mesmo barco. Se nós não pegarmos juntos, não reduzirmos a estrutura, daqui a pouco não vai ter salário. Tem que reduzir a máquina, os comissionados. Se tiver dez servidores que não estão produzindo, vamos levá-los para onde possam produzir.
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AN – Reforma administrativa está nos planos?
Tebaldi – Vou fazer. Fundir pastas, cortar comissionados, dar exemplo, como vou pedir para os funcionários fazerem a parte deles se eu não fizer a minha? O próximo prefeito terá que chamar uma parceria com sociedade, vai ter que ter milhares de prefeitos. Por que temos que ficar com a estação ferroviária? Por que não um grupo explorar? Um bar temático lá seria bacana. A Cidadela Antarctica? Não pode receber uma cervejaria, um restaurante, um museu da cerveja. Uma coisa boa que o Carlito fez foi a concessão da Expoville.
AN – Na segurança, basta escolher um vice do setor e está resolvido?
Tebaldi – Claro que não. O governo do Estado vai ter que investir. Nós vamos ser os motivadores, vamos coordenar os órgãos, trazer para dentro da Prefeitura, ver o que precisa, vamos fazer o que é competência nossa. Mas o Estado tem que reforçar o policiamento. Nem que nós tenhamos que invadir o palácio. Nem que tenhamos que levar a população para lá e não sairmos enquanto não formos atendidos. Não pode Joinville ter 745 policiais e Florianópolis ter 1,8 mil.
AN – A campanha tem falado em motivação…
Tebaldi – Se eu ganhar, vou dar uma motivada na cidade. Vou chamar as igrejas para fazermos um grande programa de prevenção contra as drogas. Pegar cada igreja, sob supervisão da Prefeitura, pegar dez, 20, 30 jovens e capacitá-los. E eles vão atuar nas ruas deles, com a linguagem deles, para atuar na prevenção. Se o prefeito não for criativo, for fechado que nem o atual governo, tchau, pode esquecer. Por isso aceitei o desafio, para fazer. Não quero pensar daqui a dez anos que tive a chance, a oportunidade, e não contribuí.
Marco Tebaldi
Partido: PSDB
Vice: Marilisa Boehm
Coligação: De Volta ao Trabalho (PSDB/PRB/DEM/PPS/PTN/SD/PSL/PRP/ PRTB)
Mote da campanha: Investimento em educação, em especial na ampliação do ensino integral, e mais obras de infraestrutura, como pavimentação, estão entre as propostas do candidato.
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