O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta segunda pela condenação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e mais dez réus pelo crime de formação de quadrilha. Ao seguir em sua maioria o voto do relator Joaquim Barbosa, Marco Aurélio disse que o Ministério Público conseguiu demonstrar “à exaustão” as provas do esquema montado pelos réus.

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O ministro afirmou que “embora estejamos acostumados a julgar a formação de quadrilha relacionada a crimes diversos, como estelionato, tráfico e sequestro com extorsão, o delito também deve ser aplicado para os crimes do colarinho branco”.

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Durante a maior parte do seu pronunciamento, o magistrado aproveitou para ler a íntegra de um duro discurso que fez na sua posse em 2006 como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No discurso, anterior à reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro faz uma dura defesa da necessidade de valores na condução da política e chegou a lembrar a denúncia do mensalão.

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– É a tática do avestruz: enterrar a cabeça para deixar o vendaval passar. E seguimos como se nada estivesse acontecendo. Perplexos, percebemos, na simples comparação entre o discurso oficial e as notícias jornalísticas, que o Brasil se tornou um país do faz de conta. Faz de conta que não se produziu o maior dos escândalos nacionais, que os culpados nada sabiam – o que lhes daria uma carta de alforria prévia para continuar agindo como se nada de mal houvessem feito – afirmou Marco Aurélio, mencionando o pronunciamento de seis anos atrás.

Para o ministro, a quadrilha, iniciada em janeiro de 2003, só foi desfeita em julho de 2005, quando o então deputado federal, Roberto Jefferson (PTB-RJ), decidiu delatar o esquema.

No núcleo político, o ministro votou pela condenação de Dirceu, do ex-presidente do PT José Genoino e do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares. No núcleo publicitário, ele também considerou culpados o publicitário Marcos Valério, os antigos sócios dele Ramon Hollerbach e Cristiano Paz e o advogado Rogério Tolentino e das funcionários da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Ainda votou pela condenação dos ex-dirigentes do Banco Rural Kátia Rabello e José Roberto Salgado, no caso do núcleo financeiro.

Marco Aurélio Mello votou pela absolvição da ex-vice-presidente Ayanna Tenório e do ex-diretor e atual vice-presidente Vinícius Samarane. Já estão absolvidos Ayanna Tenório e Geiza Dias.

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