O assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, afirmou hoje que repudia os métodos utilizados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), mas evitou qualificar o grupo como terrorista. Durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, Garcia disse que “o Brasil não é uma agência de certificação”.
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A afirmação foi feita em resposta a uma pergunta sobre se o governo federal considera as Farc como terroristas ou como um grupo insurgente, esta última definição defendida pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez. O assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais disse repudiar os métodos utilizados pela guerrilha, como seqüestros, ataques terroristas e uso de dinheiro do narcotráfico.
Garcia reclamou da cobrança para que o governo brasileiro se posicione oficialmente sobre o assunto e considerou inadequado classificar as Farc de forças insurgentes, como outros países fizeram.
– Isso levaria a uma internacionalização do problema, o que, acredito, não seria legítimo – afirmou o assessor, dizendo que a posição do Brasil tem sido buscar um desfecho pacífico para esse conflito.
Garcia esclareceu que o Brasil tem que assumir uma posição de não interferir no problema colombiano, mas também de não ser indiferente.
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– Infelizmente não temos contatos com o lado de lá (as Farc), o que poderia ajudar para eventuais negociações – afirmou o assessor.
O principal canal de negociação com a guerrilha, Raúl Reyes, foi morto na operação militar realizada pela Colômbia em território equatoriano em março passado. Para o assessor, o único canal de comunicação existente hoje em dia é o governo da Venezuela, que “mesmo assim é um canal incerto”.