Marcius Melhem, 47 anos, comentou sobre o ataque contra o canal Porta dos Fundos, ocorrido nesta terça-feira (24), véspera de Natal, na sede da produtora localizada na zona sul do Rio de Janeiro. O comediante disse que o atentado, realizado com dois coquetéis molotov, é um "ataque ao humor brasileiro".

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— Aceitam um Jesus bêbado, mas não aceitam um Jesus gay. A reação revela um pouco da parte preconceituosa desse país. Qual seria o problema se Jesus fosse gay? O ser humano é diverso, então Deus pode ser qualquer um de nós — afirmou ao jornal O Globo.

O canal retratou Jesus Cristo como gay no filme Especial de Natal Porta dos Fundos: a primeira tentação de Cristo, que estreou no dia 3 de dezembro na Netflix.

— Se Deus é nossa imagem e semelhança, poderia ser como qualquer um de nós. Por que Cristo tem que ser idealizado sempre do mesmo jeito, branco de olhos claros? — questionou o ator da rede Globo.

Melhem também relembrou de um episódio antigo, há 30 anos.

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— Isso me remete à censura ocorrida no carnaval do Rio em 1989, quando a Beija-Flor foi proibida de usar uma alegoria que retratava Jesus como mendigo.

Um grupo de extrema-direita que se diz integralista reivindicou em vídeo publicado nesta quarta (25) o ataque com coquetéis molotov contra a sede da produtora, no Rio de Janeiro.

As imagens da câmera de segurança passaram a circular nas redes sociais. No vídeo, homens mascarados colocam fogo contra um prédio similar ao do Porta dos Fundos. É possível visualizar o painel da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), vizinha ao edifício da produtora. O grupo se identifica como o "Comando de Insurgência Popular" da "Família Integralista Brasileira".

O movimento integralista tem como inspiração o fascismo, nacionalismo e autoritarismo, pautado na defesa dos valores religiosos e conservadores: "Deus, Pátria, Família".

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A assessoria de imprensa do Porta dos Fundos divulgou uma nota oficial sobre o ataque.

Leia o texto, abaixo, na íntegra:

Na madrugada do dia 24 de dezembro, véspera de Natal, a sede do Porta dos Fundos foi vítima de um atentado. Foram atirados coquetéis molotov contra nosso edifício. Um dos seguranças conseguiu controlar o princípio de incêndio e não houve feridos, apesar da ação ter colocado em risco várias vidas inocentes na empresa e na rua.

O Porta dos Fundos condena qualquer ato de violência e, por isso, já disponibilizou as imagens das câmeras de segurança para as autoridades. Esperamos que os responsáveis pelos ataques sejam encontrados e punidos. Contudo, nossa prioridade neste momento é a segurança de toda a equipe que trabalha conosco.

Assim que tivermos mais detalhes, voltaremos a nos manifestar. Por enquanto, adiantamos que seguiremos em frente, mais unidos, mais fortes, mais inspirados e confiantes que o país sobreviverá a essa tormenta de ódio e o amor prevalecerá junto com a liberdade de expressão.