Mesmo que atuem com um uniforme diferente dos demais 22 jogadores, eles podem decidir a Copa do Mundo. Por isso, os 90 árbitros e assistentes recebem orientações da Comissão de Arbitragem da Fifa, assistem a vídeos comentados de todas as 32 seleções do Mundial e realizam baterias de treinos físicos no Centro de Treinamento Zico (CFZ), no Rio.

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Comentarista de arbitragem do Grupo RBS, Márcio Chagas da Silva analisa sobre o japonês Yuichi Nishimura, que apitará Brasil x Croácia, nesta quinta-feira, aponta quem poderá ser o destaque da arbitragem na Copa e adianta as possíveis polêmicas, além de comentar sobre o trio brasileiro: o árbitro Sandro Meira Ricci e os assistentes Emerson Augusto de Carvalho e Marcelo Van Gasse.

O árbitro da estreia do Brasil

“Por se tratar do jogo inaugural, a Fifa precisava colocar alguém experiente, que não fosse nem da América do Sul, nem da Europa – aliás, a entidade escolhe, não faz sorteio, que só há no Brasil. O japonês Yuichi Nishimura (foto acima) tem 42 anos e, na Copa da África do Sul, apitou a eliminação do Brasil para a Holanda. Foi muito bem, até na expulsão do Felipe Melo. Nishimura é um monstro fisicamente. Tem o melhor preparo físico de todos os árbitros. Além disso, é um árbitro que poderá ir longe na Copa, pois a seleção japonesa dificilmente chegará às finais.”

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Do Uzbequistão à Nova Zelândia

“Alguns dos árbitros e assistentes relacionados para a Copa são de países cujas ligas não têm a mesma competitividade de torneios europeus ou mesmo do Brasileirão. Mas há exceções. O do Uzbequistão, por exemplo, Ravshan Irmatov (foto acima). Em 2008, ele foi eleito o melhor árbitro da Ásia e o melhor árbitro do Mundial de Clubes da Fifa. Ele apitou o jogo inaugural da Copa de 2010, África do Sul 1×0 México. É um cara experiente, tem 36 anos, e deverá ser um dos destaques do Mundial. Mas é claro que há árbitros sem a mesma experiência. Para estes, a Fifa fará um trabalho muito forte e dará orientações especiais e pedirá todo o cuidado nas partidas em que eles forem escalados.”

O camisa 10 do apito

“Cuneyt Cakir, de 37 anos, o árbitro da Turquia, vem sendo apontado como o grande destaque do Mundial pelos analistas de arbitragem. Está muito bem cotado na Fifa. Cakir apitou jogos da Eurocopa em 2012 e, nesse mesmo ano, a final do Mundial de Clubes da Fifa entre Corinthians e Chelsea. Além disso, já é bem escolado em partidas complicadas da Liga dos Campeões. Outros dois árbitros com grande cartaz são o inglês Howard Webb, que apitou a final entre Espanha e Holanda, na África do Sul, e o português Pedro Proença, que vem crescendo muito em competições na Europa.”

O trio brasileiro

“Sandro Meira Ricci, de Minas Gerais, mas que apita pela Federação Pernambucana da Futebol) (foto acima) está no auge da carreira, aos 39 anos. Está bem fisicamente e muito bem na parte técnica. Torço para que ele faça uma Copa perfeita e mostre todo o potencial da arbitragem brasileira. O árbitro brasileiro é um herói porque precisa ter uma atividade paralela a fim de se manter.

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Os auxiliares serão os paulistas Emerson Augusto de Carvalho e Marcelo Van Gasse. O Emerson é um baita assistente. No Brasileirão de 2012, ele ficou marcado em um Santos 3×2 Corinthians, por não ter marcado um impedimento triplo no gol de André (do Santos), ficou de fora um tempo, mas voltou muito bem. O Van Gasse entrou na vaga do Alessandro Matos (assistente baiano). Esta troca foi uma surpresa. Não havia sido escalado, mas acabou sendo chamado pela Fifa. É um auxiliar que vem trabalhando muito bem nas últimas temporadas.”

As possíveis polêmicas

“Bom, primeiramente vamos ver se o recurso eletrônico que informa quando a bola cruza a linha realmente funcionará (o GoalControl-4D, equipado com sensores instalados nas traves e que conta com recurso de sete câmeras, a fim de dar um sinal ao trio de arbitragem caso a bola entre no gol). Entendo que o recurso eletrônico já deveria ter sido adotado no futebol, como ocorre no tênis, no vôlei e no basquete. Esta pode ser a primeira polêmica. A Fifa tem um mantra para a arbitragem: ver, esperar e agir. Esta é a recomendação. Em caso de dúvida em algum lance, a ordem é consultar os auxiliares e esperar antes de marcar algo.

A bola na mão ou mão na bola poderá ser outro tema polêmico. Além disso, a Fifa está preocupada em conter a violência em campo. Árbitros que deixam o jogo correr demais, como o argentino Nestor Fabian Pitana, poderão receber recomendações para que segurem mais as partidas.”

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