O torcedor marcilista nem se recuperou do rebaixamento do Campeonato Catarinense e pode sofrer novo baque justamente no ano em que o Marinheiro completou 90 anos. Afundado em uma crise financeira, o clube não quer falar em Série C do Brasileiro antes de quitar as dívidas com jogadores que disputaram o Estadual. Mas o presidente Carlos Crispim admite: se a competição nacional começasse hoje, o time de Itajaí não teria condições de participar.

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Desistência, por enquanto, é palavra impronunciável no Estádio Hercílio Luz. No entanto, há motivos para o pessimismo. Os jogadores que defenderam o clube no Catarinense ainda estão no Litoral, aguardando o pagamento dos salários de fevereiro e março, até porque muitos nem sequer têm como deixar a cidade. Esperam que a diretoria marcilista emita as passagens.

– A situação chegou ao extremo – disse um dos atletas que disputou o Estadual, que preferiu não se identificar.

Nesta terça-feira, Crispim afirmou que o acerto é a prioridade da direção e que a situação deve ser resolvida, no máximo, até semana que vem (leia entrevista abaixo).

Em caso de desistência, caberia à CBF definir o substituto. Na terça, através da assessoria de imprensa, a entidade afirmou que não dará qualquer declaração oficial enquanto não houver a confirmação da desistência do Marcílio e preferiu não revelar qual seria o critério adotado.

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A Federação Catarinense de Futebol (FCF), também conforme a assessoria de imprensa, acredita que seria aberta vaga para o 21º colocado na Série C do ano passado. Nesse caso, a vaga ficaria com o Vitória da Conquista (BA). No entanto, seria mais complicado encaixá-lo na disputa porque a primeira fase da competição ocorre de maneira regionalizada. A chave do time itajaiense, por exemplo, tem representantes de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Entrevista com Carlos Crispim, presidente do Marcílio Dias

Santa – Qual a situação do Marcílio Dias hoje?

Carlos Crispim – Os salários estão atrasados e essa semana queremos resolver essa questão. Estamos viabilizando recursos e devemos resolver isso para posteriormente começarmos a falar em Série C.

Santa – Quanto vocês estão devendo? Além das dívidas do Catarinense, ainda há pendências em relação à Série C do ano passado?

Crispim – Sim. Temos pendências em relação a Série C do ano passado e do campeonato deste ano. Não gostaria de falar em período que a dívida se estende.

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Santa – Qual a expectativa para a Série C? O Marcílio está confirmado ou essa situação ameaça a participação?

Crispim – Primeiro queremos resolver as questões salariais para, depois sim, tratarmos de Série C.

Santa – Mas o clube chegou a pensar em não disputar a Série C?

Crispim – Por enquanto, ainda não. Na verdade, não estamos pensando nisso. Se for pensar… Se tratarmos disso hoje, não temos como participar.

Santa – Mas o assunto já foi discutido? Qual a chance de participação?

Crispim – Chegou a ser discutido, mas não a esse ponto. Até porque estamos focados em resolver outros problemas primeiro. Mas existe uma dificuldade grande hoje, até pela nossa situação financeira. Por isso, existe sim a dificuldade de participar da Série C se não viabilizarmos recursos.

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Santa – Então a possibilidade de desistência existe?

Crispim – Existe, claro que existe.

Santa – Até quando vocês pretendem definir?

Crispim – Essa semana, semana que vem no máximo, temos que resolver isso. Dirigente admitiu que clube já chegou a discutir desistência da competição