Em uma cerimônia que reuniu lideranças políticas, empresariais, estudantis e universitárias, a nova direção da Furb tomou posse nesta quinta-feira à noite no Teatro Carlos Gomes. Pela primeira vez em 54 anos, universidade tem uma mulher no comando da reitoria. Márcia Cristina Sardá Espíndola foi empossada reitora da entidade, ao lado de João Luiz Gurgel Calvet da Silveira, vice-reitor.

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Natural de Otacílio Costa, ela tem 47 anos. Mudou-se para Blumenau para fazer o ensino médio na Escola Técnica do Vale do Itajaí (Etevi) e desde então iniciou a história com a Furb. Graduou-se em Arquitetura e Urbanismo pela instituição e fez mestrado em Engenharia Civil (Construção Civil) na UFSC.

Márcia é servidora da Furb há 29 anos. Atuou como técnica administrativa por 14 anos, de 1989 a 2003, passando pelo setor de Contabilidade, DTI e Laboratório de Habitação da Arquitetura. Desde 2003 é professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo. Confira na entrevista a seguir, o que a nova reitora planeja para a gestão à frente da universidade, entre 2019 e 2023:

Santa – Existe um problema de evasão de alunos da Furb. Como você pretende enfrentar esse problema e essa é uma das suas prioridades?

Márcia – Temos como meta o acolhimento integral do estudante. É preciso entender que a evasão não se dá apenas pela questão financeira. Queremos fazer um trabalho integrado, já estamos com um projeto que é um centro de acolhimento que trabalha a parte psicológica, de saúde, financeira e daí sim veremos o motivo dessa evasão.

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Santa – Quais desafios e dificuldades você terá a partir de agora?

Márcia – Queremos essa nova Furb mais aberta à comunidade, queremos resgatar isso. Acho que é preciso também trabalhar os projetos pedagógicos de forma mais ampla e ver como podemos dar respostas à comunidade com ensino, pesquisa e extensão, que é a nossa missão. Considero esse o principal desafio, mas ao mesmo tempo vemos o quanto a comunidade está ansiosa para vir para a Furb, como sempre esteve, mas agora nós queremos ampliar.

Santa – Quais são as prioridades para os primeiros meses de gestão, considerando que o trabalho de transição começou em novembro?

Márcia – A questão financeira é uma preocupação, mas já temos um plano para buscarmos a sustentabilidade. Hoje a Furb foca a receita muito na graduação, então temos um plano de lançar 40 cursos de pós-graduação até março, trabalhar melhor o marketing, acho que a Furb é muito tímida de mostrar o que realmente faz. Então, queremos ampliar essa divulgação das conquistas, das pesquisas do que a Furb trabalha também, a extensão, hoje todos os cursos de universidade têm que ampliar a curricularização da extensão, isso traz mais a comunidade para dentro da universidade. Temos um plano ousado até de inovação, de trabalhar um coworking com nossos estudantes, trabalhar a ligação dos nossos estudantes aproveitando o Centro de Inovação, que logo será inaugurado dentro de um campus da Furb. Vamos focar muito no atendimento as expectativa e os propósitos do que hoje é o nosso estudante.

Santa – A Furb pretende entrar no mercado da Educação a Distância (EAD)?

Márcia – Não podemos esquecer essa modalidade. Acho que a Furb tem um diferencial de cursos presenciais de qualidade, mas ela é importante. Então, dentro dos cursos onde houver a possibilidade de flexibilizar os currículos, parte em EAD, sim. Estamos montando equipe bem forte para isso.

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Santa – Existe uma preocupação em relação ao hospital da Furb, algumas contas do Ceops e a própria Furb TV. Existe investimento para isso, como está o orçamento?

Márcia – A Furb TV perdeu o sinal analógico no final do ano e temos a concessão do canal até maio. Então, fomos buscar um projeto que começamos com o Centro Nacional de Mídias. Tivemos um professor que foi agora (conversar) nessa nova coordenação do MEC e está bem encaminhado. Vamos ver outra possibilidade e trabalhar também na internet. Já o Ceops, tem que ver que atende a toda a comunidade e existe uma demanda da prefeitura que trabalhe junto ao AlertaBlu, que a gente possa unir mais essas equipes. O hospital hoje nós chamamos de complexo integrado de saúde, o hospital mesmo nós não temos. Para a Furb sozinha manter é muito caro, uma equipe médica de plantão e tudo mais. Quando ele foi proposto seria um hospital regional, pela sua localização até, e deveria atender toda a região e ser um consórcio de outros município, mas isso não foi adiante. Então, queremos trabalhar forte que ele seja um complexo de saúde onde possa atender a parte pedagógica de todos os cursos de saúde. Mas a prefeitura já sinalizou parcerias para que a gente possa ter atendimentos lá pelo SUS.

Santa – Como você vê a questão da federalização e o diálogo com o novo governo federal?

Márcia – Fomos no fim do ano passado a Brasília, para alguns financiamentos estudantis. Essa nova equipe do Ministério da Educação nós não temos conhecimento e é uma proposta agora no início da gestão retomar as idas a Brasília e buscar financiamento para que a Furb seja uma universidade pública de fato.