Marcelo D2 não agrada todo mundo. Ele sabe disso, e sabe que não é só por aquele fato natural de ninguém ser unanimidade: criticado pelo estilo, pelas letras de músicas e pela apologia à maconha – que o segue desde os anos 1990, quando surgiu na cena musical com o Planet Hemp – tem quem defenda que seus shows e sua fama não são merecidas. No entanto, o músico carioca tem um grupo de fãs que se renova a cada ano, quando os adolescentes descobrem seu som e o conteúdo cheio de críticas sociais de suas canções.

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Mesmo assim, D2 não se enxerga como um porta-voz das angústias de uma parcela da juventude. O rapper de 46 anos prefere ficar longe dessa missão e continuar fazendo arte a partir de seus próprios questionamentos. Mais maduro, carregando duas décadas de produção nas costas, ele agora divulga seu mais recente álbum, Nada Pode me Parar, em que experimenta ainda mais passar por outros ritmos, flertando com R&B e por samba, mas sem deixar de fazer o rap mais famoso do Brasil.

Confira a entrevista:

Você parece estar muito conectado com as redes sociais, interagindo com os fãs no Facebook e no Twitter. Como é sua relação com estes canais?

Eu adoro. Hoje, a gente passa o dia conectado e acaba interagindo. É muito bom não precisar mais de interlocutor, quer dizer, se a gente tem o que dizer, não precisa ficar correndo atrás de matéria de jornal para isso. Tenho aprendido a mexer mais nestes canais, o que tem o lado bom e o lado ruim. O bom é que você encontra ali as pessoas legais, mas o ruim é que tem também uma porrada de babacas (risos). Agora, eu tento responder também as pessoas que falam bem, e não só ficar discutindo com quem xinga. Em conversa com um amigo meu, reclamando disso, ele me falou: “cara, dá mais atenção para as pessoas legais do que para os chatos”, e é isso que estou fazendo.

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Pelas redes, dá para perceber que grande parte dos seus fãs são adolescentes e jovens. Este grupo parece ir se renovando. Você se encara como um porta-voz destes meninos?

Não, eu não quero assumir esse papel e essa responsabilidade, nunca quis. Nem quando eu comecei eu quis esse título, mesmo na época do Planet Hemp, quando tentaram nos colocar nessa posição de líder. Acho que sou porta-voz do meu pensamento. Minhas letras são tão pessoais, só que tem uma porção de gente que concorda – e um monte de gente que não concorda também.

Mas isso da renovação de fãs, acontece mesmo. Passa o tempo e se renova, tem sempre gente nova nos shows. Tem os caras que param de ir, mas eu fiquei impressionado com isso no show que a gente fez em São Paulo com a reunião do Planet Hemp, em que reunimos 30 mil pessoas em dois dias. Tinha uma monte de gente que nunca tinha visto Planet Hemp ao vivo, porque há 10 anos, quando a banda parou, esses guris que vão agora tinham 10, 12 anos.

A sonoridade do seu último álbum mostra um artista mais maduro, experimentando mais. Acha que é parte da experiência mesmo que faz isso?

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Acho que é um pouquinho dos dois. A maturidade me ensinou a ser mais paciente e chegar aonde eu quero. Antes, eu queria que as coisas acontecessem rápido, queria botar logo o CD na rua. Esse álbum (Nada Pode me Parar) eu fiquei um ano fazendo, gravando um vídeo clipe para cada música. Isso foi uma loucura.

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