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Desafios gigantes nunca foram problemas na vida de Marcelo Costa. Como um clássico camisa 10, sempre chamou a responsabilidade, seja para resgatar a fama de imortal do Grêmio numa vitória heróica ou numa improvável conquista nacional que tanto orgulha os torcedores do Joinville.
Agora, ele quer escrever outra epopeia, desta vez longe dos gramados. Marcelo luta para se recuperar de um sério problema nos rins. Para alguém com um currículo tão cheio de glórias, é impossível não acreditar em mais uma vitória, que irá garantir o talento do meia em campo por mais alguns anos.
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Desde julho do ano passado, quando ainda jogava no JEC, Marcelo passou a ter problemas de saúde. Tudo começou com um inchaço nas pernas, aparentemente provocado por uma retenção de líquido. No entanto, após alguns exames, nada de anormal foi detectado. Sem render o mesmo futebol de 2014, Marcelo deixou o Tricolor depois de 135 partidas e partiu para Belém do Pará, para buscar uma nova vida no Paysandu.
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Na capital paraense, a pré-temporada não aconteceu da maneira projetada pelo jogador. Em vários treinos, Marcelo Costa se queixava de mal estar, problemas intestinais, mas nada explicava a razão destes sintomas.
No primeiro momento, pessoas próximas cogitaram que o meia não teria se adaptado ao clima de Belém. O próprio Marcelo imaginou ser esta a causa de tantas sensações ruins no corpo. Em janeiro, preferiu voltar a Joinville, onde mantém uma casa.
Após algumas conversas com diretores do Paysandu, decidiu retornar para dar sequência à carreira no Papão. O jogador realizou novos exames e o primeiro diagnóstico apontava para a ausência de vitamina D. Marcelo passou a tratar o suposto problema, mas a perna continuava inchada e o mal estar ainda o atormentava.
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A jornada na busca por uma resposta definitiva para explicar a debilitação teve o olhar de cinco médicos. E o verdadeiro diagnóstico só veio em abril, logo após um treino coletivo no Paysandu.
Marcelo treinou, deixou o local das atividades e chegou em casa. Quando comia uma banana, sentiu as mãos “formigarem”. Ao anunciar que se sentia mal, foi imediatamente levado ao hospital.
O jogador ficou internado dois dias na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e outros sete num quarto. Lá, chegou a ouvir que teria um problema de coração e seria necessário fazer um cateterismo. Só que nada disso fazia sentido, afinal, o jogador passava por exames cardiológicos constantemente ao longo da carreira.
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Até que um outro médico finalmente enxergou o problema: Marcelo Costa está com insuficiência renal.
Diagnóstico aponta para necessidade de transplante
O diagnóstico definitivo convenceu Marcelo a retornar a Joinville. Na cidade, procurou ajuda em uma das clínicas que é referência em tratamento renal no País. Por enquanto, o jogador realiza sessões diárias, em casa, de diálise peritoneal, processo de depuração do sangue no qual a transferência de solutos e líquidos acontece por meio de uma membrana semipermeável.
Esta terapia que funciona como substituição renal é feita por meio de um catéter introduzido numa cavidade abdominal. Por meio dela, Marcelo tenta diminuir os índices de insuficiência renal. O tratamento já está em andamento há três meses.
Segundo alguns médicos, Marcelo só conseguirá a cura definitiva por meio de um transplante. Ele, inclusive realiza exames para saber quem poderá ser um doador. O problema é que, se for transplantado, o jogador terá de encerrar a carreira, algo que não está em seus planos.
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– Creio na possibilidade de me recuperar sem a necessidade de ser transplantado. Ainda quero voltar a jogar – confia o atleta.
Por enquanto, além das consultas mensais, Marcelo procura aproveitar o tempo sem atividades para ficar ao lado da família. Segundo ele, ainda é possível andar de bicicleta, brincar com os filhos e até lavar louça normalmente. O ex-camisa 10 do JEC tem evitado apenas ir até a Arena ou ao CT do Morro do Meio.
– Mexeria muito comigo. Evito me emocionar, nem gosto de assistir aos jogos na TV porque fico com muita vontade de estar em campo. Quando durmo, sonho várias vezes que estou em campo. Na verdade, ainda vivo este sonho. Espero que um milagre me cure e eu possa voltar a jogar para ter um fim da carreira como eu gostaria.
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Apesar de admitir a grande possibilidade de ter de fazer o transplante, o atleta aposta que a diálise peritoneal o ajudará a ficar completamente curado até o fim do ano. Até lá, conta com a torcida dos tricolores gaúchos, joinvilenses e de outros torcedores para alcançar a maior conquista de sua vida.
– Ao longo da vida, o Senhor tem me provado várias coisas. E confio muito num trecho da Bíblia que diz: ?Tudo é possível se a gente crê.? Eu creio que possa me curar e voltar a jogar – conclui.