Se você assina FX, deve ter começado a ver The Americans, o seriado de sucesso baseado nas boas e velhas histórias de espionagem, dos tempos em que russos e americanos se digladiavam para ver quem levava o troféu Dono do Mundo edição Século 20. A história acontece no início dos anos 1980, e ninguém sabia no que aquilo iria dar.

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Havia uma Guerra Fria, havia uma guerra nuclear em preparação, ou ao menos como possibilidade e a briga das superpotências era na base do chute na canela. The Americans mostra alguns desses chutadores, espiões de ambos os lados, que realmente se infiltravam e gravavam conversas em fitas magnéticas e marcavam encontros impossíveis de serem desmarcados por ninguém andar pra lá e pra cá usando celulares.

O mais interessante da série pode ser o título, que deveria ser The Russians. As maldades que nossos heróis cometem são mais bem absorvidas pelo público porque eles são, afinal, russos infiltrados que abusam da generosidade e da credulidade dos americanos para espionar os tadinhos.

O registro de época, os anos Reagan, a paranoia dos dois lados da briga, tudo isso é recuperado e apreciado ao longos dos ótimos episódios de The Americans.

Aquele mundo mais ou menos terminou, os perdedores viraram ex-espiões, e os vencedores hoje espionam todo mundo, incluindo Angela Merkel e a presidente Dilma. Os métodos é que mudaram, e para pior. Espionar e-mails e celulares pode ser muito eficaz, mas não tem nada de romântico. The Americans é, acima de tudo, romântico e por isso mesmo, muito provavelmente, seja tão bom. Aproveitem.

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The Americans, domingos, 10h, no FX

Marcelo Carneiro da Cunha escreve às segundas-feiras no Segundo Caderno.