No quarto episódio da nova temporada de Homeland, vem a sensação de que alguém se distraiu em alguma curva, e Claire Danes and Co. foram visitar o guard rail. O que se sente é que os criadores e escritores não conseguiram ainda nos convencer de que sabem para onde vão, e nossa fé, intacta no primeiro, curiosa no segundo, abalada no terceiro, começa a querer pedir pizza no meio do quarto episódio, o que não me parece ser, exatamente, um indicador de sucesso.
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Homeland surgiu de uma cooperação entre americanos e os israelenses que criaram a série Prisoners of War, sobre o retorno de dois soldados após 17 anos no cativeiro. Os criadores americanos tinham trabalhado no intensíssimo 24 Horas, e esse DNA se fez presente na primeira e segunda temporadas de Homeland com a marca registrada de 24: mais do que pessoas, argumentos estão aí para serem sacrificados. A cada meia hora, uma volta completa nos leva a um caminho até então inimaginado, e somos atropelados pelo luto da perda do que estávamos seguindo, trocado no meio da sequência por algo ainda mais tenso e imprevisível, com um tempero de escolhas moralmente impossíveis de serem feitas.
Se essa fórmula mais do que funcionou nas duas primeiras temporadas, algo foi pro espaço no reino da Dinamarca e, já passado um terço da atual, nada de muito reconhecível como Homeland aconteceu. A surpresa do último e quarto episódio se dilui em um copo de descrença, talvez porque, diferentemente das duas temporadas anteriores, desta vez temos tempo para pensar no que acontece e rejeitar a proposta.
Existe a chance de os autores terem guardado a caixa de maldades para o que ainda resta e isso seria ótimo. Mas reina uma sensação geral de que algo coalhou, algo que somente uma quarta temporada, e muitos meses de espera, podem ser capazes de resolver.
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