Talvez eu tenha chegado a uma nova lei universal: a Lei das Probabilidades de Seu Herói Sobreviver à Temporada. O enunciado é mais ou menos assim: a chance de seu personagem favorito não chegar ao final da temporada é diretamente proporcional ao desejo do criador do programa de mostrar que não está pra brincadeira.
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Tomemos Game of Thrones. Você imaginaria que Eddard Stark, o rei bonzinho do Norte, teria sua cabeça removida do conjunto da obra pelo malvadíssimo Joffrey Baratheon, quando o esperável seria o contrário? Você esperaria ver um Casamento Vermelho em plena terceira temporada, com a eliminação de todo um clã de personagens, justamente entre os mais apreciados de todo o universo de Westeros?
A minha tese é a de que a diferença essencial está no tempo disponível para os roteiristas desenvolverem as tramas. No cinema, deixar morrer um personagem central significa eliminar toda uma linha de empatia entre espectador e trama, sem tempo de reconstruir novos vínculos. Herói morre somente pra produzir lágrimas ou reforçar desejos de vingança.
Os seriados vivem de outras regras. Permitir que personagens importantes sejam eliminados produz uma incerteza nos espectadores e a sensação de que estão mesmo diante de algo novo, com novos limites. Olhando a coisa por esse ângulo, quanto tempo de vida vocês dão para Daryl Dixon, em The Walking Dead, um imorrível em condições normais da narrativa de cinema?
Cartas, com as suas opiniões, para essa caixa postal.
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Marcelo Carneiro da Cunha escreve às segundas-feiras no Segundo Caderno.