O show de Marcelo Camelo no Teatro Pedro Ivo na noite desta sexta-feira foi muito diferente do que está acostumado o seu público. Podendo ser classificado veterano pela solidez de sua carreira – tanto pelo trabalho com o Los Hermanos quanto pelos dois discos da carreira solo – o músico já não precisa provar mais nada a ninguém, e por isso pode se dar ao luxo de fazer um show no formato “voz + violão”. E ainda deixar o trabalho primoroso.

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Mesmo com a acústica ainda complicada da casa, as músicas do repertório, que passeou tanto pela obra do Los Hermanos quanto pela de seus dois discos, foram primorosamente executadas pelo músico, que estava muito à vontade com um formato mais intimista de show.

Um ponto a ser ressaltado foi a participação do rabequista Thomas Roher em algumas canções. Fica difícil pensar que composições como “Dois Barcos” ou “Janta” fiquem bonitas apenas com um violão e uma rabeca, mas a dupla deixou claro que este é um desafio que pode ser facilmente superado.

Outras peças-chave do repertório de Camelo também estavam no setlist da apresentação curta, de pouco mais de uma hora. “Cara Valente”, que ficou famosa na voz de Maria Rita, “Santa Chuva” e “Liberdade” ficaram muito bonitas com a aposta de que menos é mais. Maduro, o músico já consegue dominar a plateia sem precisar de muitos artifícios visuais ou sonoros. Tendo passeado em sua carreira tanto pela aspereza do rock quanto pela delicadeza da MPB, Camelo encontrou o equilíbrio necessário para arranjar as músicas em qualquer formato.

Um show com uma banda de apoio é maior e enriquecido, mas ouvir as composições do artista carioca da maneira como possivelmente foram compostas – apenas com um violão bem afinado – certamente fizeram valer a pena a ida ao teatro na noite desta sexta-feira.

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