Um levantamento inédito revelou o boom das cervejarias artesanais catarinenses: entre 2013 e 2016, mais que dobrou o número de marcas no Estado. Foram 28 novos negócios nesse período. O Estado conta com 50 cervejarias desse tipo, espalhadas por 28 municípios, que a cada mês produzem um milhão de litros.

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Os dados são daAssociação das Micro Cervejarias Artesanais de Santa Catarina (Acasc), que ouviu 42 empresas, responsáveis por 302 rótulos.

De acordo com o presidente da entidade, Carlo Lapolli, boa parte desse crescimento se deu por uma mudança de comportamento do consumidor, o que explicaria porque, mesmo sendo mais cara, a cerveja artesanal vem ganhando espaço.

— Vemos isso com a comida orgânica, por exemplo, É o que acontece com a cerveja. O consumidor está preferindo consumir menos e melhor — afirma Lapolli.

Outras questões, como os festivais de cerveja, também ajudam a incentivar essa produção. Muitas cervejarias artesanais começaram com gente fazendo em casa, por hobby, e viraram empresas.

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Foi o que aconteceu com Filipe Costa, dono da marca Sambaqui, de Florianópolis, que fazia cerveja artesanal em casa e acabou fundando a empresa em 2013. De lá pra cá, a produção quintuplicou. Focada em chope, a empresa se prepara agora para chegar a outros Estados com o lançamento da cerveja engarrafada.

O impacto econômico é importante. As 42 empresas entrevistadas investiram R$ 22 milhões apenas neste ano. A maioria delas, diz o presidente da Acasc, distribui para todo o país, e pelo menos uma planeja começar a exportar para o mercado norte-americano em dois anos. Segundo a Acasc, o setor sofre com a crise, mas muito pouco. Em um ano no qual o consumo de cerveja em geral caiu no país, as artesanais não reclamam.

— Aqui ainda não sentimos a crise — diz o dono da Sambaqui.

Em todas as regiões do Estado

Apesar de o Vale do Itajaí e a Grande Florianópolis concentrarem a maior parte dos negócios, as cervejarias artesanais se espalham pelo Estado. É o caso da Lassberg, de Itapiranga, no Oeste, aberta em março deste ano.

A história começou em 2011, quando Daniel Rosolen, dono de uma instituição de ensino superior da região, decidiu investir na montagem de uma pequena cervejaria para os alunos de Tecnologia de Alimentos.

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— Com o passar dos anos, fomos (ele e mais um sócio) visitando cervejarias e nos informando, e decidimos explorar comercialmente. Começamos com 10 mil litros por mês e já estamos com 25 mil, fornecendo só para a nossa região — conta o empresário.

Desafios do setor

Uma das reclamações da Acasc é o peso da carga tributária. Cerca de 30% do preço de uma garrafa do produto, vendida diretamente ao consumidor, é composto por impostos, especialmente de ICMS.

No entendimento da entidade, o ICMS deve ser equiparado ao vinho artesanal, que já possui um tratamento diferenciado em Santa Catarina e paga 4% do tributo, enquanto as cervejarias artesanais desembolsam 12%. A entidade pretende montar uma frente parlamentar que trabalhe em prol da alteração da lei.