Faltando duas semanas para as Eleições 2022, os candidatos ao governo de Santa Catarina já visitaram 62 cidades desde o início do horário eleitoral gratuito de rádio e televisão. O levantamento foi feito pelo Diário Catarinense entre os dias 29 de agosto e 12 de setembro, com informações repassadas pelas equipes das campanhas dos candidatos. 

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Ao analisar o mapa das agendas dos políticos, percebe-se que os compromissos e ações de campanha estão concentrados nas cidades a Leste do Estado, e ainda que áreas do interior catarinense foram menos exploradas pelas chapas que concorrem ao governo. 

O município mais visitado foi Florianópolis. Os candidatos estiveram na Capital 48 vezes. Outra cidade da região que foi destino recorrente dos políticos é São José. 

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Já a região mais frequentada foi o Vale do Itajaí, com 16 municípios percorridos pelos políticos. O destaque é Blumenau, que esteve 16 vezes nos roteiros dos candidatos, inclusive no dia de aniversário da cidade. 

O Sul do Estado também acumulou agendas políticas, sendo 24 delas em Criciúma, onde a maioria dos candidatos participou de um debate. No total, 15 cidades da região Sul foram destinos das campanhas. 

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A região com o menor número de compromissos políticos no período do levantamento foi a Serra, com apenas três municípios visitados. O Oeste somou 12 municípios percorridos e a região Norte, oito. 

O último dia de campanha dos postulantes ao cargo de governador do Estado será em 1º de outubro, dia anterior à votação. Conforme a legislação, a propaganda eleitoral deve ser finalizada às 22h.

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Veja os detalhes das agendas diárias dos candidatos: 

Peso eleitoral das regiões de SC

A distribuição dos eleitores entre as regiões de Santa Catarina pode ajudar a entender os roteiros que os candidatos ao governo de Santa Catarina escolheram nas semanas iniciais da campanha. Mais do que isso, mostra qual o real peso do eleitorado de cada região catarinense, com reflexo direto no resultado das urnas nas Eleições 2022. 

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Entre as seis regiões do Estado consideradas na divisão do IBGE, o Vale do Itajaí é o que tem o maior número de eleitores: 1,3 milhão. Isso é o equivalente a 25% do total – um a cada quatro eleitores catarinense está no Vale. O Norte e o Oeste aparecem em seguida, cada uma com 1 milhão de votantes, 18% do eleitorado total do Estado. 

A menor quantidade de eleitores está na Serra, com 333 mil pessoas com direito a voto nas eleições deste ano – 6% do total. Ao todo, SC terá 5,4 milhões de eleitores em 2022.

Infográfico do eleitorado das regiões de SC
Confira quais regiões do Estado têm os maiores eleitorados (Foto: Ciliane Pereira/NSC Total)

Quando cruzados os dados do eleitorado com os locais por onde os candidatos ao governo de SC passaram no período avaliado pela reportagem, de 29 de agosto a 12 de setembro, é possível ver que a região com o maior eleitorado é também a que mais recebeu visitas. O Vale do Itajaí teve 16 municípios percorridos. A área menos frequentada é também a que tem o menor eleitorado: a Serra, que teve apenas três cidades no roteiro dos concorrentes.

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Procuradas pela reportagem, as assessorias dos candidatos ao governo afirmaram que, de forma geral, o eleitorado de cada região não tem papel determinante na escolha dos roteiros de campanha. A existência de compromissos com a imprensa, entidades e a base eleitoral dos partidos na localidade são fatores levados em conta no planejamento das agendas até o momento, de acordo com as equipes.

O cientista político da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Julian Borba, explica que cada partido tem na base social mais enraizada em determinada região por conta da trajetória da legenda e das principais lideranças. Como exemplo, cita o caso do PT, que teve formação a partir da região Oeste, ou do grupo dos Bornhausen, ex-PFL e DEM, que sempre teve como base o Vale do Itajaí. Isso pode interferir tanto nas estratégias de campanha quanto no rendimento nas urnas. 

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– Essas bases sociais dos partidos estão ligadas ao seu processo de constituição, seu enraizamento social em determinados contextos, às lideranças de seus partidos, e têm efeitos sobre seu desempenho eleitoral – aponta Borba.

Diferenças entre áreas rurais e urbanas 

Uma avaliação também importante para o cientista político da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Julian Borba é sobre o tamanho das cidades que compõem as regiões — mais especificamente, se os eleitores vivem em áreas rurais ou centros urbanos. 

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Segundo ele, a estruturação dos partidos de esquerda, por exemplo, está historicamente ligada ao contexto urbano, com a organização de trabalhadores e novas relações sociais. Este é um campo que poderia encontrar mais dificuldade em cidades menores ou com perfil rural. 

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– Como SC tem uma base demográfi ca um tanto quanto distinta do Brasil, onde predominam municípios menores, há poucos grandes centros urbanos, então tudo isso também tem efeito. E muitas vezes olhando para a dinâmica regional, a gente esquece que há uma dinâmica rural ou urbana, de grande ou pequeno município, que cruza essa questão – alerta o especialista. 

Outro fator regional que influencia no peso eleitoral é a relação entre a capital e o interior. O assunto já foi pauta de eleições anteriores, com o ex-governador Luiz Henrique da Silveira (MDB), por exemplo, que explorava o tema ao criticar a concentração de processos na Capital e defender a chamada “descentralização”. 

Embora o Estado não tenha grandes aglomerados urbanos, possui outras cidades de porte similar à Capital que servem de referência às macrorregiões, como Joinville, Blumenau e Chapecó. A capital Florianópolis, por exemplo, sequer é a cidade mais populosa de SC. 

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Segundo Borba, isso explicaria as alianças entre lideranças desses municípios. Casos como o do ex-prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (União Brasil), que construiu o apoio do prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), ou mesmo do atual governador, que buscou como candidato a vice o empresário Udo Döhler – ex-prefeito de Joinville, maior cidade do Estado. 

– Essas coisas não acontecem por acaso – pontua o cientista político.

Entenda a agenda de cada candidato

Alex Alano (PSTU)

  • Cidades mais visitadas: Criciúma (6 vezes), Florianópolis (5), Palhoça e Balneário Camboriú (1)

O candidato informou, via assessoria, que a campanha acontece em vários locais do Estado e que conta com uma candidatura voltada às classes populares e trabalhadores do campo e da cidade. Alex cita que a participação de militantes de cada região tem papel importante para a divulgação da alternativa socialista e revolucionária do partido. 

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O concorrente também reconheceu que tem uma campanha modesta, mas sem a contribuição financeira de grandes empresários. Disse, em nota, que conta com a colaboração financeira da militância e da classe trabalhadora, “a quem pretendemos servir”.

Carlos Moisés (Republicanos)

  • Cidades mais visitadas: Florianópolis (10 vezes), Joinville (quatro) e Criciúma (três) 

A assessoria do candidato à reeleição afirmou que a prioridade foi a agenda de gestão do Estado, com questões de saúde e infraestrutura, até 3 de setembro quando se licenciou do cargo. Por isso, a agenda de campanha ficou restrita aos momentos de folga. As demandas locais importantes guiaram o roteiro do candidato, e a assessoria informou que não há prioridade para os locais onde ficam os principais colégios eleitorais. Durante o período de licença, o candidato deve visitar todas as regiões catarinenses novamente.

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Décio Lima (PT)

  • Cidades mais visitadas: Florianópolis (10 vezes), Itajaí (3) e Criciúma (3) 

A assessoria de comunicação do candidato informou que não divulgaria detalhes da estratégia de campanha e da definição da agenda.

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Esperidião Amin (PP)

  • Cidades mais visitadas: Florianópolis (7 vezes), Criciúma (3) e Joinville (2) 

A assessoria do candidato informou que a agenda até aqui buscou adequar encontros de campanha com compromissos como debates em meios de comunicação e entidades. Esse fator é citado para explicar as idas ao Sul do Estado, por exemplo. Já os compromissos na Grande Florianópolis se explicam, segundo a equipe do partido, “pelo contingente eleitoral da região” e também por ser o local de residência do candidato.

Do ponto de vista de estratégia, a equipe tenta prever ao menos uma ida por semana a Joinville, maior colégio eleitoral do Estado, e ao Vale do Itajaí, região com maior número de eleitores e base do candidato a vice, Dalírio Beber (PSDB).

Gean Loureiro (União Brasil)

  • Cidades mais visitadas: Blumenau (4 vezes), Florianópolis (3), Itajaí e Balneário Camboriú (2) 

O candidato informou, via assessoria, que vem percorrendo o Estado desde julho, na pré-campanha, e por isso passou por diversas regiões. Com base na Capital, a tarefa de “estadualizar” o nome é apontado como um dos desafios. A Grande Florianópolis e o Vale do Itajaí foram os locais mais visitados pelo concorrente até aqui, segundo o levantamento da reportagem. Além disso, a equipe de campanha frisa que o Oeste e o Sul também estão semanalmente entre os roteiros. 

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A assessoria aponta que o tamanho do eleitorado não define a agenda de campanha e que o planejamento busca “estar no máximo de municípios possível”.

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Jorge Boeira (PDT)

  • Cidades mais visitadas: Florianópolis (4 vezes), Itajaí (3), Criciúma e Araranguá (2) 

A assessoria do candidato informou que a escolha das cidades considera principalmente onde o PDT tem diretório ou cidades-chave, em que é possível reunir filiados de municípios vizinhos. A equipe também informou que o número de eleitores nas regiões não é levado em conta. Além disso, compromissos com a imprensa e entidades também resultam em mais agendas em Florianópolis.

Jorginho Mello (PL)

  • Cidades mais visitadas: Florianópolis (3 vezes), Rio do Sul (2) e Criciúma (2) 

Não retornou aos questionamentos da reportagem até o fechamento da edição.

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Leandro Brugnago (PCO)

A reportagem não recebeu as agendas de campanha do candidato entre os dias 29 de agosto e 12 de setembro. Também não teve retorno sobre as estratégias usadas pelo concorrente para traçar um roteiro de visitas pelo Estado.

Odair Tramontin (Novo)

  • Cidades mais visitadas: Blumenau (7 vezes), Florianópolis (6), Itajaí e São José (3) 

O candidato afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que dirigiu o próprio carro por mais de 20 mil quilômetros em todas as regiões. Por morar em Blumenau, a agenda do político esteve mais voltada para atender convites de empresas e entidades próximas dos locais onde ele fez apresentações do plano de governo e sabatinas. Entretanto, afirmou que está aceitando convites e vai até onde “as pernas alcançam”. 

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Em nota, disse que o tamanho do eleitorado em cada região influencia na definição do roteiro de campanha. Informou que não deixará de visitar locais com menor concentração de eleitores e que busca fortalecer as bases do partido. Prevê visitar o Alto Vale do Itajaí, Oeste e Norte do Estado.

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Ralf Zimmer (Progressista)

  • Cidades mais visitadas: Criciúma (2), Florianópolis (1) e Faxinal dos Guedes (1) 

A reportagem não recebeu as agendas de campanha do candidato na maioria dos dias de levantamento. Também não teve retorno sobre as estratégias usadas pelo concorrente para traçar um roteiro de visitas pelo Estado.

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