O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta segunda-feira que o Produto Interno Bruto (PIB) deverá ficar entre 5% e 5,2% este ano, projeção classificou de “meta ambiciosa”, que não é fácil de ser alcançada:

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– Ela necessita de uma ação forte do governo e também dos empresários. O governo terá coragem de tomar as medidas anticíclicas, o que significar inclusive aumento de investimentos e redução de tributos.

Quanto à inflação, o ministro admitiu que houve um aumento no primeiro semestre deste ano, mas, com a queda do preço dos alimentos, o índice recuou. Daqui para a frente, deve-se observar alguma pressão inflacionária por conta da desvalorização do real.

– [A pressão deve ser] momentânea e passageira, porque a demanda está caindo. O consumo está na faixa de 14% ao ano. Se reduzir para 10%, está ótimo. E com isso não haverá perigo de uma demanda pressionar a oferta – explicou Mantega.

O ministro disse ainda que um dos efeitos da crise internacional será a menor geração de postos de trabalho no país:

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– Em vez de gerar 2 milhões de empregos no próximo ano, vamos gerar menos, porém, o emprego continuará se expandindo no país.

Petrobras

Mantega reagiu às críticas feitas à Petrobras afirmando que se trata de uma empresa absolutamente sólida, com lucros em alta. Segundo ele, no terceiro trimestre deste ano, os lucros da Petrobras somaram R$ 10, 8 bilhões:

– Foram recordes, quase o dobro do igual período do ano passado.

Ele disse que a estatal está realizando um programa de R$ 50 bilhões, mas lembrou que, como outras empresas brasileiras que captavam recursos no Exterior, agora está captando dentro do país, o que não tem nada de mais:

– A Petrobras está absolutamente sólida.

Construção Civil

Segundo Mantega, a construção civil é muito importante para o Brasil, porque gera cerca de 8 milhões de empregos no país e tem a vantagem de não depender de bens importados, o quer permite que cresça mesmo que haja problemas no Exterior.

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De acordo com o ministro, o governo vai continuar auxiliando o setor, com recursos da Caixa Econômica Federal.

– Este ano serão cerca de R$ 30 bilhões de recursos em financiamento. O Brasil não tem subprime [sistema de financiamento imobiliário por meio de hipotecas]. O setor é absolutamente sério, sólido e pode crescer muito. Essa é a nossa vantagem – disse o ministro, ao participar da Construbusiness 2008, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Altas de preços

O ministro reforçou que a demanda deve cair, mas crescer pelo menos 8%, o que considera ótimo. Ele disse que as altas de preços vistas no primeiro semestre foram generalizadas devido ao choque de commodities [produtos básicos com preços internacionais], o que significou elevação no preço do petróleo e derivados, além do setor de ferro e aço, que tiveram os custos elevados:

– Esses preços estão caindo, então, os custos do setor da construção vão ser reduzidos. E, se havia perigo de elevação de preços e inflação setorial, esse perigo está afastado pela acomodação do setor.

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Mantega ressaltou que o governo vai manter os financiamentos ao setor de habitação de baixa renda e continuar implementando as obras de saneamento em todos os Estados, bem como as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

– O setor vai continuar aquecido, gerando emprego, talvez um pouco menos do que antes, mas continua – disse Mantega.

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