O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta terça-feira que o Banco Central (BC) poderá liberar mais depósitos compulsórios se for necessário para enfrentar os efeitos da crise externa sobre o Brasil. Segundo o ministro, o país está preparado para enfrentar um agravamento dessa crise, “até mais preparado do que estava em 2008, quando tivemos pleno sucesso”. O ministro participa de audiência pública em Comissão Mista no Senado sobre a medida provisória 567, que trata das mudanças na caderneta de poupança.

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De acordo com Mantega, o Brasil tem quase o dobro das reservas verificadas em 2008, “mais de US$ 370 bilhões”. Além disso, a situação fiscal é mais sólida, a dívida diminuiu e há instrumentos para eventuais intervenções.

– Mais recursos ou crédito estão disponíveis e já aprendemos com o que fizemos no passado. Temos um volume alto de compulsórios, que o BC poderá liberar – afirmou.

Mantega disse ainda que a situação da economia internacional está se agravando nos últimos meses e que isso mostra que a estratégia de austeridade fiscal dos países europeus não está dando certo.

Perspectivas

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Mantega afirmou que, ao contrário da maioria das grandes economia do mundo, o Brasil conseguirá crescer mais em 2012 do que em 2011. Segundo o ministro, mesmo os países dinâmicos, como a Índia e a China, terão menor expansão esse ano do que verificada no ano passado.

– Predomina o baixo crescimento. A China terá crescimento de 7% este ano. Podemos ver que é um dos piores momentos da economia mundial, mas, felizmente, o Brasil figura entre os países que tem a possibilidade de um crescimento maior em 2012 – completou.

Mantega admitiu, no entanto, que a economia brasileira recuou mais do que outras no ano passado.

– É verdade que já tínhamos desacelerado mais em 2011, mas temos condições de crescer mais em 2012 – avaliou.

Desafios

Mantega avaliou não ser fácil o desafio de acelerar o crescimento do Brasil em um cenário internacional adverso.

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– Não é algo fácil, não é trivial – admitiu.

Segundo o ministro, a solução para esse desafio passa pela dinamização dos investimentos, manutenção de um mercado interno forte, garantia de solidez fiscal e controle da inflação. Ele também citou a necessidade de se manter o câmbio favorável, ampliar o crédito e reduzir as taxas de juros. Mantega enumerou ainda a continuação da reforma tributária por meio de desonerações, reduzindo também os custos de energia, logística e infraestrutura.

– Esses desafios são permanentes e independem da crise. Temos de, permanentemente, buscar redução dos custos tributário, financeiro e de infraestrutura. Em momentos de crise, esse desafio se torna ainda mais importante para o País se tornar mais competitivo.