O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quarta-feira que a alta do dólar no Brasil é reflexo da crise europeia e descartou medidas imediatas para conter a valorização. O valor da moeda americana ultrapassou a marca de R$ 1,80 nesta quarta-feira, maior cotação em mais de um ano.

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– A alta do dólar no Brasil e em outros países reflete aversão ao risco que ocorre por causa da demora na resolução dos problemas europeus – disse o ministro a jornalistas brasileiros ao desembarcar em Washington.

Segundo Mantega, se houver apenas uma “piora relativa” na crise, a tendência é de uma movimentação gradual da moeda, “perfeitamente assimilada pela economia”.

– É claro que, se houver uma forte desvalorização, pode preocupar, mais pelos efeitos que pode ter com alguns devedores brasileiros – disse.

– Mas para que isso aconteça é preciso um grande agravamento da crise. Se a coisa ficar feia, então nós vamos ter que repensar tudo e ver o que precisa ser feito – disse.

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De acordo com o ministro, a valorização do dólar indica uma piora da crise internacional, que pode levar à queda de preços de commodities.

– Se de fato houver um agravamento da crise, significa, as variáveis vão se modificar. Se caem os preços de commodities então não há pressão inflacionária – disse.

A alta da inflação é uma preocupação do governo brasileiro, que vem tentando trazer a taxa de volta ao centro da meta, de 4,5%, até o próximo ano. Neste ano, há o risco de que a taxa de inflação feche acima do teto da meta, de 6,5%.

– Então uma coisa compensa a outra. Se por um lado a valorização do dólar pode trazer alguma pressão inflacionária no Brasil, por outro lado, a piora da crise, com a deterioração dos preços das commodities, traz uma queda. A alta do dólar no Brasil e em outros países reflete aversão ao risco que ocorre por causa da demora na resolução dos problemas europeus – disse Mantega.

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Mantega observou ainda que a menor valorização do real traz alguns benefícios para a produção industrial e os exportadores brasileiros. A grande valorização do real frente ao dólar verificada nos últimos meses é motivo de reclamações do setor no Brasil, já que acaba prejudicando a competitividade das exportações no mercado internacional.