A crise financeira global torna ainda mais urgente uma reforma fundamental no Fundo Monetário Internacional (FMI). A afirmação foi feita neste sábado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante discurso no Comitê Monetário e Financeiro Internacional, órgão que estabelece as estratégias do Fundo.
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Segundo Mantega, o FMI não parece ter dedicado suficiente atenção aos principais centros financeiros.
– Até recentemente, o FMI estava concentrado nos problemas dos países de mercado emergente e em desenvolvimento – afirmou.
O ministro ainda apontou que a crise internacional põe em evidência uma “diferença importante” entre países em desenvolvimento e países desenvolvidos. Ele citou a oferta de linhas de swap pelo Federal Reserve (BC dos EUA) para bancos centrais de países desenvolvidos, em montante que chega a US$ 620 bilhões, para destacar que swaps em moedas de reserva são raramente disponibilizados para os países de mercado emergente e em desenvolvimento.
Para Mantega, há necessidade de uma referência à acumulação de reservas no conjunto de medidas prudenciais do FMI. Ele espera que o Fundo faça progresso substancial para aperfeiçoar o monitoramento dos principais mercados financeiros e dos fluxos internacionais de capital.
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– A maneira como as economias desenvolvidas estão lidando com a crise financeira tem que ser cuidadosamente analisada de modo a enfrentar um potencial alastramento de seus efeitos e extrair lições para os países de mercado emergente e em desenvolvimento – disse.
Mantega ainda destacou a necessidade de fortalecer “salvaguardas prudenciais relacionadas especificamente aos movimentos internacionais de capital”. Ele ponderou que distorções surgem em épocas de ampla liquidez.
Intervenção do Estado
Depois de controlada a turbulência, o ministro Mantega espera que seja acionado no FMI “novo conjunto de práticas para fortalecer e proteger o sistema financeiro, mas sem um viés em favor das práticas dos países avançados”. Mantega afirmou que a profundidade e gravidade da crise “tornaram indispensável a intervenção do Estado em larga escala”, como no caso dos Estados Unidos, no Reino Unido e em vários outros países desenvolvidos.
O ministro estima que o sistema financeiro que emergirá da crise será provavelmente menor e mais regulado. Para seus colegas ministros, Mantega acrescentou que o envolvimento do Estado será necessário para restaurar o funcionamento dos mercados de crédito.
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– Poderá ser necessário não somente tomar medidas direcionadas a instituições financeiras, mas também proporcionar algum alívio aos mutuários e proprietários de imóveis residenciais nos Estados Unidos e em outros países atingidos por crises no setor imobiliário – afirmou.