O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta terça-feira que “ficou difícil” alcançar a meta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2009, de 4%. No entanto, disse que o governo continuará a adotar as medidas necessárias para que a economia tenha um melhor resultado possível e para que o Brasil possa sair da crise mais rápido do que outras economias. É difícil fazer uma previsão do PIB nesse momento porque, segundo ele, há uma grande volatilidade.

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O ministro disse que o desempenho da economia no primeiro trimestre de 2009 será melhor que no quarto trimestre de 2008, “o que nos deixa distantes de um possível problema de déficit técnico”, disse.

– Em 2009 a economia brasileira deve ter um crescimento positivo. Mesmo os mais pessimistas falam em crescimento de 1% a 1,5%. A tendência é de que não haverá recessão técnica no primeiro trimestre – afirmou.

Segundo Mantega, há sinais na economia brasileira mais positivos que contribuem para essa avaliação.

O ministro insistiu que o PIB brasileiro em 2009 será positivo, com um dos melhores resultados em relação ao desempenho de outros países. Mantega disse que a sua avaliação é de que o primeiro semestre de 2009 será de uma economia moderada. Para o segundo semestre, segundo ele deve haver uma aceleração da economia brasileira em razão dos efeitos das medidas adotadas pelo governo.

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Mantega lembrou que continua o problema da escassez de crédito e do custo elevado do dinheiro.

– Esse é o nosso maior desafio pela frente – afirmou em entrevista à imprensa para comentar o resultado do PIB do quarto trimestre de 2008.

O PIB, conjunto das riquezas produzidas pelo país, caiu 3,6% no último trimestre em relação ao terceiro trimestre, no entanto, em todo o ano, a economia brasileira registrou expansão de 5,1%.

Em relação ao comércio internacional, Mantega disse que o cenário continua ruim, mas acredita que se houver medidas no Exterior, como nos EUA e na União Europeia, que possam reverter este quadro negativo, o Brasil também poderá recuperar as perdas no mercado externo. Ele lembrou que a economia brasileira sofreu um choque no último quadrimestre e passou a depender mais do mercado interno, que continua funcionando plenamente.

Segundo ele, já está havendo uma recomposição da produção em alguns setores voltada para o mercado interno. Mantega comentou que houve uma queda na demanda do consumo doméstico porque ocorreram problemas no financiamento, num primeiro momento, e depois porque parte dos consumidores ficou mais prudente.

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O ministro lembrou que a redução da alíquota do IPI para automóveis reaqueceu este mercado e que do ponto de vista do consumo interno as vendas de automóveis estão parecidas com o que estava antes. Além disso, segundo Mantega, parte do consumo estava sendo atendida pelas importações. Segundo ele, as importações já estão caindo mais do que as exportações. Mantega afirmou que o consumo está sofrendo um rearranjo de padrões. Ainda de acordo com o ministro, as vendas no varejo e nos supermercados mantêm os padrões de consumo.

Construção

Apesar da pressão do setor produtivo, o ministro da Fazenda descartou a adoção de medidas de corte de tributos no pacote habitacional de incentivo à construção civil, que será divulgado pelo governo. Segundo o ministro, as medidas visam a direcionar recursos para subsidiar o comprador final de imóveis.

IOF

Mesmo com a pressão dos bancos, Mantega também descartou hoje novas medidas de desoneração do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente nas operações de crédito. Ele lembrou que o governo já tomou algumas medidas de corte do IOF nos últimos meses. Nas últimas semanas, dirigentes de instituições financeiras têm destacado a necessidade de uma ampliação do corte de IOF para o aumento das operações de crédito. No ano passado, o governo elevou o IOF para compensar a perda de arrecadação do governo federal com o fim da cobrança da CPMF.

Superávit primário

Mantega afirmou que o governo brasileiro “resistirá” muito a ter que reduzir a meta de superávit primário do setor público deste ano por conta do impacto da crise internacional. O superávit primário é a economia que o governo faz para o pagamento de juros da dívida pública.

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Segundo ele, por enquanto, não há necessidade de reduzir a meta de superávit, hoje de 3,8% do PIB. Ele ponderou que o governo tem flexibilidade com relação a meta fiscal por conta do Projeto Piloto de Investimento (PPI) que nunca foi usado e permite que os investimentos feitos em projetos considerados prioritários sejam abatidos da meta de superávit.