Diante do caos nos mercados mundiais, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez um pronunciamento à imprensa na tarde desta segunda-feira. Mantega acredita que o pior vai passar, mas avisa que a crise não será solucionada em pouco tempo:

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– Esta situação aguda deve se dissipar. É impossível que o sistema financeiro mundial fique travado como está hoje, quando é muito difícil conseguir uma carta de crédito, um financiamento. É preciso um ajuste europeu, os mercados europeus tem que revelar suas perdas, e todos os governos têm que agir, de modo que sairemos dessa fase aguda. Embora a crise vá continuar. Não é uma crise simples, é muito forte, talvez a maior desde 1929. Ela não vai terminar tão cedo.

Sobre a situação brasileira, o ministro demonstrou otimismo. Ao reafirmar ações do governo e anunciar mais uma, no intuito de garantir proteção ao comércio exterior, disse que o país será atingido, mas de forma bem menos grave que outras economias.

– O Brasil não está imune. A crise atinge a todos os países, mas mais os que estão mais fragilizados, que têm mais problemas com suas instituições financeiras. No Brasil não temos problema de solvência, de ativos podres. Aqui não há ativos podres, embora estejamos sofrendo problema de liquidez em função desse estrangulamento em escala internacional. O governo está tomando as medidas adequadas. Estamos procurando manter o volume de reservas elevado. (…) Sempre há conseqüências, não tem como evitar que a bolsa caia como está caindo (o Ibovespa parou de operar duas vezes nesta segunda-feira por atingir queda de mais de 15%). Isso implica algumas perdas, mas os ativos estão sólidos. As instituições estão sólidas, o Banco Central está sólido, basta ver o presidente aqui ao meu lado, sólido, firme – brincou, referindo-se a Henrique Meirelles, que não conteve um sorriso.

Guido Mantega admitiu, porém , que após o auge da crise, será mais difícil conseguir crédito.

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– Na fase aguda, fica tudo pior. Os mercados tendem a cair na irracionalidade, e estamos num momento de irracionalidade, de manada. É o pior momento. Ao superarmos isso, nós poderemos ter um outro patamar, com a reconstituição das linhas de crédito externas, que hoje secaram, mas de um modo menor, com menos crédito e taxa de juros elevadas. A conseqüência será um encolhimento na economia mundial – prevê.

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