Mano Menezes almeja se transferir para a China depois de uma vitória sobre o Inter. Antes de encarar o desafio de treinar o Shandong Luneng e assinar um contrato que, segundo o próprio treinador, está “fora dos padrões do futebol mundial”, tenta ampliar para 14 a série invicta do Cruzeiro neste segundo turno de Brasileirão.
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Nesta entrevista a ZH, o gaúcho de Passo do Sobrado, 53 anos, fala sobre o jogo contra o Inter, a campanha do time mineiro na temporada, destaca o trabalho de Roger como a revelação do Brasileirão e rebate a tese de que a safra do futebol brasileiro é ruim:
– Tive dificuldade de escolher apenas o lateral-direito para a seleção do Basileirão. Não teve um jogador que foi indiscutível. Mas fui montar o meio-campo e deixei jogadores importantes de fora. Há qualidade. De sobra – afirma o técnico.
O trabalho no Cruzeiro
Desde que cheguei, o aproveitamento é de ponta de tabela. É uma característica de futebol brasileiro essa oscilação. Você tem um time campeão, alguns jogadores vão sair, pois se valorizam. A acomodação da conquista é natural. O Inter campeão da Libertadores teve complicações no ano seguinte. O Corinthians, também. Quando não inicia bem, para engrenar depois, é complicado. E é necessária uma oxigenação, jogadores com ambição de vencer, de modificar a carreira. A disputa interna volta a acontecer.
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Mano Menezes aceita proposta chinesa
Damião e Lucas Lima
Mesmo não tendo um ano brilhante, Damião marcou gols. É o artilheiro do Cruzeiro na temporada. O que ele tem de recuperar é a referência individual. Quando não se está bem, você busca soluções em outras maneiras e nada dá certo. Ele está com uma cabeça boa. Fará uma boa pré-temporada, voltará a marcar gols. O Lucas Lima talvez esteja entre os melhores que surgiram nos últimos anos. É um meia difícil de marcar, encontra espaços, tem intensidade de jogo – o que todo mundo cobra do Ganso, por exemplo.
O Grêmio do Roger
O trabalho do Roger é dos melhores do Brasileirão. É a revelação. Grêmio tem futebol bem jogado, é uma equipe bem treinada, sabe o que quer no campo, tenta superar as limitações – e todos temos as nossas, em cada equipe. Grêmio vive um momento que não surpreende mais, os outros entenderam como o Grêmio joga. Você tem de encontrar soluções para surpreender novamente.
A ausência de craques
O fora de série só nasce de períodos em períodos. Fui montar o meio-campo do Brasileiro e tive dificuldades. Deixei jogadores importantes de fora. Temos Elias, Renato Augusto, Wallace, Giuliano, Dátolo, Jadson, Lucas Lima… Há qualidade. Você não titubearia em contratar qualquer um desses jogadores. Olha o Sport, que está fora do eixo das grandes equipes: tem Diego Souza, André, Rithelly, Danilo Fernandes. A gente tem a tendência de achar que tudo está ruim. Não estamos tão abaixo no nível técnico.
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Rusga com Piffero como motivação
Aconteceu comigo, não tem a ver com o Cruzeiro. Minhas mágoas duram 15 minutos. Sou muito bem resolvido. Não é producente guardar o que te deixa triste, magoado. Não quero olhar para trás.
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O Inter
Se um dia surgir a oportunidade, lá na frente, existe o respeito muito grande pela instituição. Eu respeitei sendo o maior adversário, quando dirigi o Grêmio. O que eu digo é que o Inter é um dos grandes clubes do país e orgulharia qualquer treinador de ser convidado para dirigi-lo.
*ZH ESPORTES