O Comitê Olímpico Internacional (COI) garantiu nesta segunda-feira que adotará duras sanções contra a Rússia, após a publicação de um contundente relatório que revelou “um sistema de doping promovido pelo Estado”, enquanto a Wada pediu a exclusão do país dos Jogos Olímpicos do Rio-2016.
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O presidente do COI, Thomas Bach, afirmou que entidade esportiva internacional “não hesitará em impor as sanções mais severas possíveis contra todo indivíduo e toda federação envolvida”.
Bach afirmou que na terça-feira haverá uma reunião por conferência telefônica com a Comissão Executiva do COI que “poderá tomar medidas provisórias e sanções em relação aos Jogos do Rio-2016”.
O relatório, redigido pelo professor canadense de direito esportivo Richard McLaren afirmou que o programa de doping foi organizado pelo ministro de Esportes russo, Vitaly Mutko, com a “ativa participação e assistência” dos serviços secretos do país para os Jogos de Inverno de Sochi-2014, assim como para outras competições do país.
“O laboratório de Moscou atuou na proteção dos atletas russos dopados com um sistema promovido pelo Estado, descrito no relatório como ‘Metodologia para o Desaparecimento de Positivos'”, explicou McLaren.
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“A Wada pede ao movimento esportivo que impeça a participação dos atletas russos em todas as competições internacionais, incluindo os Jogos do Rio, enquanto não for realizada uma mudança em sua cultura”, decretou a Wada.
As agências antidoping de Estados Unidos e Canadá prontamente pediram uma punição que proíba a participação de todos os atletas russos nos Jogos do Rio, que começam em 5 de agosto.
“O relatório McLaren provou, acima de qualquer suspeita, o nível alucinante de corrupção que reina no esporte russo e no governo russo”, declarou o diretor da Usada, Travis Tygart.
O relatório acusa diretamente Vitaly Mutko de orquestrar todo o esquema.
“O ministro de Esportes comandou, controlou e supervisionou a manipulação dos resultados dos atletas, ou as trocas de amostras, com a ativa participação da FSB (serviço secreto russo), CSP (Centro de Preparação Esportiva para atletas russos) e os laboratórios de Moscou e Sochi”.
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– “Ataque sem precedentes” –
As conclusões do relatório McLaren provam “um ataque impactante e sem precedentes à integridade do esporte e dos Jogos Olímpicos”, reagiu Bach.
Sochi-2014 não foi o único evento esportivo em que se ocultaram casos de doping, o que já havia ocorrido no Mundial de Atletismo de Moscou-2013.
“Ao fim do Mundial de Moscou, o laboratório afastou amostras positivas, retirou as tampas e substituiu a urina ‘suja’ antes das amostras serem enviadas a outro laboratório da Iaaf”, publicou o relatório.
A comissão independente, nomeada pela Wada e liderada por McLaren, investigou as acusações do ex-diretor do laboratório antidoping de Moscou, Grigori Rodtchenkov.
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Em maio, Rodtchenkov revelou que dezenas de atletas russos, entre eles 15 medalhistas olímpicos, se aproveitaram de um sistema de doping organizado e supervisionado por Moscou e seus serviços de inteligência nos Jogos de Sochi.
Rodtchenkov também fez parte da comissão independente dirigida pelo ex-chefe da Wada, Richard Pound, que revelou em novembro de 2015 o uso generalizado de doping no atletismo russo, o que levou à suspensão da Rússia pela Federação Internacional de Atletismo (Iaaf).
A Iaaf confirmou em 17 de junho a suspensão do atletismo da Rússia nos Jogos do Rio-2016, mas deixou a porta aberta para a presença de atletas russos limpos, à conveniência do COI e a título individual. Para isso, os atletas teriam que estar treinando “fora do país” e sendo “submetidos a outros sistemas de controle antidoping”.
jr/am