Centenas de pacientes, representantes de associações e funcionários do Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon), em Florianópolis, se reuniram na manhã desta quarta-feira para pedir a conclusão das obras do centro cirúrgico do complexo hospitalar, previstas para serem entregues em dezembro do ano passado.

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Os manifestantes se concentraram em frente ao Cepon por volta das 9h e, após um abraço coletivo, partiram em passeata com faixas e cartazes em direção ao

Hemocentro de Santa Catarina (Hemosc) e à Fundação de Apoio ao Hemosc/Cepon (Fahece).

O impasse foi criado entre Governo do Estado e Fahece, administradora do Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon). A interrupção é motivada pelo bloqueio de um financiamento Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que só aceita liberar a verba quando o terreno do complexo, de propriedade da Fahece, seja doado para o Estado.

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A obra prevê a construção de quatro salas para cirurgias de alta complexidade, sala de esterilização e 10 leitos de UTI, incluindo a instalação de equipamentos. Para o presidente da Associação dos Amigos e Pacientes de Câncer (Aspac), João Vianei, o atraso significa mais sofrimento para as pessoas doentes.

– Esta semana o Cepon completa 16 anos em obras. Isso deveria ser motivo de vergonha para todas as entidades envolvidas. Como a cirugia para prevenção de câncer é considerada eletiva, o paciente sempre vai para o fim da fila quando há alguma emergência. O novo centro cirúrgico poderia ajudar a acabar com essa espera – afirma João.

Segundo a diretora do Cepon, Maria Tereza E. Schoeller, caso o financiamento do BNDES seja liberado, o centro cirúrgico poderia começar a operar em cinco meses.

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– O Cepon realiza hoje cerca de 150 cirurgias de baixa e média complexidade por mês. O novo centro cirúrgico poderá fazer mais 160 cirurgias de alta complexidade. Hoje essas cirurgias já podem ser realizadas em outras unidades de saúde do Estado, mas como o Complexo é especializado em oncologia, o tratamento pós-operatório seria mais rápido – explica a diretora.

A obra faz parte do programa Pacto por Santa Catarina. Em nota, a Secretaria de Estado de Planejamento comunicou o quanto já foi gasto no local:

– A Fahece recebeu, via Tesouro do Estado, R$ 838 mil para a obra de reforma/ampliação do Centro Cirúrgico, UTI e Centro de Materiais Esterilizados do CEPON cujo contrato totaliza R$ 3.846.761,49. Esse recurso e os outros R$ 5.926.956,01 estão previstos para o CEPON no Pacto pela Saúde (total de R$ 9.773.717,50), da linha de financiamento do BNDES.

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BNDES só libera verba após doação de terreno

Em novembro do ano passado, a Procuradoria Geral do Estado emitiu um parecer sobre os contratos entre a Fahece e a Secretaria de Estado de Saúde. No documento, o órgão jurídico orienta a fundação a devolução do terreno onde está o Cepon. A área foi doada pelo Governo em 2006. A direção do BNDES acatou a recomendação e decidiu que só vai repassar o valor de R$ 5,1 milhões, referentes ao financiamento da obra, após a posse do terreno pertencer ao Estado.

– O terreno é de uma entidade terceira, mas o prédio e o que funciona nele são do Estado. Por isso, o que a Procuradoria recomenda é a devolução da área. O que o banco de desenvolvimento fez foi se resguardar e esperar pela transferência. Mas, pare deixar claro, a PGE não disse que há inviabilidade de utilização do financiamento – informa 0 procurador do Estado Eduardo Brandeburgo.

A área de 16.558 metros quadrados no bairro Itacorubi, em Florianópolis, foi doada pelo Estado à Fahece em 2006, que seria responsável pela construção de um complexo hospitalar e administração do mesmo. O diretor administrativo-financeiro da Fahece, José Luiz Antonacci, o departamento jurídico da fundação está analisando o pedido do Governo, mas a devolução está descartada:

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– A licitação para a obra do centro cirúrgico foi feita em 2013. Na época, o Governo já tinha sinalizado com apoio financeiro através do programa Pacto por Santa Catarina. Essa história de devolução do terreno surgiu em janeiro deste ano e agora estamos com a obra paralisada há um mês por causa da falta de dinheiro. Já estamos devendo R$ 500 mil para a empreiteira – conta o representante da fundação.