Duas reuniões aconteceram entre manifestantes, vereadores de Criciúma e o prefeito Márcio Búrigo, nesta terça e quarta-feira em Criciúma, no Sul do Estado, para debater os valores do reajuste da tarifa do transporte coletivo. As primeiras planilhas apresentadas pela Autarquia de Segurança e Trânsito de Criciúma (ASTC) propunham aumentar o preço da passagem para R$ 3,17 no cartão e R$ 3,48 em dinheiro – atualmente, os valores são de R$ 2,47 no cartão e R$ 2,95 em dinheiro.

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A principal justificativa das empresas para um reajuste tão alto era uma suposta diminuição do número de passagens vendidas nos últimos meses, que estavam apuradas em planilhas em um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) junto ao Ministério Público Estadual (MP-SC). Na reunião de terça-feira, o prefeito reconheceu que os números referentes à diminuição de passageiros estavam equivocados e devem ser revistos. A ASTC havia apresentado a venda de 35 mil passagens no mês de maio de 2014, em relação à venda de 120 mil no mesmo mês em 2013. A redução foi contestada pelos manifestantes, que reclamaram de ônibus lotados.

O presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) e integrante do movimento #VemPraRuaCriciúma, Vinicius Monteiro, apresentou contestações, elaboradas junto a uma equipe técnica do movimento. Além de apontar o erro na redução do número de usuários e afirmar que nos últimos três meses de 2014 o transporte coletivo teve ao menos 1,2 milhão de usuários, o grupo sugeriu que o reajuste seja para R$ 2,87. Além disso, houve contestação em relação a cobrança referente a um ônibus articulado, que não circula na cidade, e a taxa de 1% da tarifa, destinada a motoristas e cobradores, que ao ver do grupo deveria ser paga pelos associados e não pelos usuários.

– Não houve muitos avanços no sentido de chegar a um consenso, a um valor. O prefeito se defende muito, considerando a planilha da ASTC como correta, mesmo o movimento apresentando as contestações, e não concorda com nosso valor de R$ 2,87, a que nossa técnica chegou – disse Vinicius sobre a reunião.

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Há também o pedido para estabelecer um valor único, no lugar dos valores de catraca e cartão atuais que, segundo Vinícius, representam um ganho extra para as empresas de ônibus.

Uma das vitórias do movimento foi conseguir o apoio dos vereadores, que resultou nas reuniões e na decisão de criar a Auditoria de Sistema de Transporte de Criciúma, que deve monitorar o andamento do reajuste do próximo ano.

– A proposta do Governo é de criar uma medida paliativa. Com uma comissão na Câmara de Vereadores, que vai acompanhar durante todo o ano a questão do reajuste da tarifa. O objetivo é que no ano que vem não aconteça o que está acontecendo hoje, de discutir em cima da hora de ser reajustado – diz a vereadora Camila Nascimento (PSD), que promoveu as reuniões dos movimentos com o prefeito.

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De acordo com a vereadora, o prefeito mencionou que o valor inicial proposto é muito alto, mas, como o TAC vence domingo, é preciso tomar uma decisão até sexta-feira. A tendência é pela escolha de um valor intermediário. A reportagem tentou o contato com o prefeito Márcio Búrigo, que está em viagem e não atendeu às ligações.

Ato informativo

O movimento #VemPraRuaCriciúma tem um ato informativo marcado para esta quinta-feira, a partir das 14h, no terminal central. O objetivo é explicar à população as propostas do grupo e fazer um abaixo-assinado contra o aumento abusivo da tarifa.

O grupo faria uma nova manifestação em frente ao Paço Municipal na sexta-feira mas, como o prefeito está em viagem, a ação foi cancelada. Devido ao prazo do TAC, o prefeito tem até domingo para decidir pela nova tarifa, que deve entrar em vigor a partir de segunda-feira, 14.

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Catracaço

No fim da tarde da quarta-feira passada, 2, manifestantes liberaram a entrada do Terminal Central da cidade por cerca de meia hora. Os manifestantes partiram da Praça Nereu Ramos por volta das 18h e caminharam até o Terminal Central, onde promoveram um “catracaço” – quando a catraca do terminal é liberada e passageiros são estimulados a não pagarem a passagem.

(Foto: Caio Marcelo/Agência RBS)

Foto: Caio Marcelo/Agência RBS

Um manifestante chegou a quebrar, a chutes e socos, uma grade ao lado das catracas para aumentar o espaço de entrada. Neste momento, não havia policiais ou seguranças do terminal no local. O catracaço também não foi impedido pelas autoridades policiais e terminou perto das 19h30min, sem registro de nenhum manifestante detido.