Embalada por paródias e cânticos contra a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula e o PT, a manifestação a favor do impeachment terminou com o “enterro” da presidente e do seu partido em Brasília. Nos braços dos participantes, um caixão com a foto de Dilma foi conduzido e incendiado no gramado do Congresso Nacional aos gritos de “fora, PT”.

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– Esse governo deve ser extirpado. Se a gente tem de começar a limpar por algum lugar, tem de começar tirando a Dilma – afirmou a empresária Tatiana Garcia, 39 anos, que acompanhou o “cortejo”.

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O ato na Capital, que foi tratado pelos organizadores como um “esquenta” para protestos maiores, teve a menor adesão desde que se iniciaram as manifestações contrárias ao governo em março passado, com cerca de 50 mil participantes. Neste domingo, 6 mil pessoas estiveram na Esplanada, conforme a Polícia Militar do Distrito Federal. Já a organização estimou em 30 mil o total de presentes no ato, que durou cerca de três horas e repetiu o trajeto do Museu da República até o Congresso.

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Grupos como Vem Pra Rua e Movimento Brasil Livre convocaram o protesto, que também contou com a presença de defensores da intervenção militar. Além do enterro petista, a manifestação teve a reza de um “Pai Nosso” em frente à Catedral de Brasília, a execução do Hino Nacional e a leitura de um manifesto pela saída de Dilma da presidência. No texto, os deputados foram cobrados a aprovar o afastamento da petista no próximo ano.

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– Tem muito corrupto lá dentro (do Congresso) e um acaba influenciando o outro – disse o estudante Bruno Henrique Pinheiro, 23 anos.

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Dilma com nariz de Pinóquio

Se o número de presentes diminuiu, o ato teve repertório mais rico. Um inflável gigante de Dilma com nariz de Pinóquio ficou em frente ao Congresso. Muita gente carregou versões em miniatura do boneco pixuleco, com o ex-presidente Lula trajado de presidiário, e máscaras do juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos decorrentes da Operação Lava-Jato. Uma sósia de Dilma percorreu o espelho d?água do Congresso e tirou fotos com os manifestantes.

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Como nas ocasiões anteriores, predominaram faixas contra a corrupção e roupas em verde e amarelo. Também se repetiram os gritos contra o comunismo e os presidentes da Câmara e Senado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Renan Calheiros (PMDB-AL). Herdeiro da faixa presidencial caso o impeachment prospere, o vice Michel Temer sofreu poucas críticas.

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– Temer não me agrada, mas é a alternativa constitucional que resta neste momento – avaliou o professor e militar da reserva João Alberto Freitas, 68 anos.

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A trilha sonora teve hits cantados pela uníssono. Os carros de som tocaram músicas que ironizavam discursos de Dilma, a exemplo da saudação a mandioca, e paródias de marchinhas de Carnaval, como Mamãe eu Quero. Fez sucesso uma adaptação do clássico Thriller, de Michael Jackson, que pedia “impeachment já”. Durante o “velório” do governo Dilma, os manifestantes ainda ecoavam feito organizadas de futebol o “Olê-olê, olê-olê, tamo na rua pra enterrar o PT” – uma adaptação do cântico que diz “tamo na rua pra derrubar o PT”.

– Do ano que vem não passa (o impeachment). A classe política ouvirá a voz das ruas. É preciso romper com esse ciclo petista – dizia a servidora pública Adriana Lago, 40 anos.

O “velório” petista encerrou a manifestação por volta das 12h30. O caixão com a foto de Dilma e uma bandeira do PT desceu do carro de som e foi levado pelo gramado. Após o enterro simbólico, os manifestantes queimaram o esquife, uma imagem de Lula e outra do ministro do STF Dias Toffoli.

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