Com gritos de guerra contra o machismo e pedindo por mais direitos para as mulheres, um grupo de pelo menos 100 pessoas movimentou a manhã do Centro de Blumenau neste sábado. Convocado pelo coletivo feminista Casa da Mãe Joana, o ato “Mulheres contra Cunha” reuniu homens e mulheres para protestar contra o Projeto de Lei 5069, de autoria do deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), que criminaliza a indução ao aborto e restringe, entre outros pontos, o acesso à pílula do dia seguinte.
Continua depois da publicidade
Uma das organizadoras do ato, Georgia Martins Faust, destacou que foi o primeiro grande protesto feminista na cidade:
– Já fizemos várias intervenções distribuindo panfletos e debates, mas nunca um protesto assim. A gente tem que estar na rua porque talvez muitas mulheres nem sabem o que está acontecendo. É a primeira vez e tem que ficar na história.
O protesto começou às 9h com a concentração na Praça Doutor Blumenau, na Rua XV de Novembro, de onde as manifestantes seguiram caminhando pela rua até a escadaria da Catedral carregando cartazes com mensagens pedindo mais liberdade para as mulheres e distribuindo panfletos com informações da PL 5069 e outras causas de diversidade de gênero.
Continua depois da publicidade
A jornalista Rafaela Costa veio de Luís Alves para participar do protesto e disse que o ato foi uma prova de que as mulheres estão articuladas em uma luta.
– Para um primeiro protesto foi muito forte, certamente vai abrir as portas para mais manifestações. Temos que mostrar aos políticos que não enxergam os problemas de gênero – afirmou.
Embora o deputado Eduardo Cunha seja do Rio do Janeiro, a pauta da manifestação ganhou também focos locais. O alvo foi o vereador Mário Hildebrandt (PSB), presidente da Câmara de Vereadores, citado pela discussão a respeito do Plano Municipal de Educação. De acordo com Georgia, o vereador teria articulado em Blumenau a retirada dos tópicos sobre diversidade de gênero e violência sexual no plano de ensino das escolas.
Continua depois da publicidade
De acordo com Hildebrandt, os assuntos foram retirados do plano a partir de diversos pedidos de órgãos ligados às igrejas católicas e evangélicas.
Protesto recebeu apoio de quem passava na rua
Durante a marcha das manifestantes pela Rua XV, homens e mulheres paravam para observar e até acompanhar alguns gritos por mais direitos. Homens também participaram da manifestação, como foi o caso de Antonio Spengler, de 17 anos, que participou e ajudou a distribuir panfletos durante o ato.
– Acredito que não é uma questão só das mulheres, mas sim da humanidade. Todos têm que apoiar – afirmou.
Continua depois da publicidade
A professora Regiane Poffo, de 37 anos, caminhava pela Rua XV e disse apoiar a manifestação. Para ela, embora o assunto do aborto seja delicado, toda mulher tem que ter a liberdade de escolher o que quer.