Nesta terça-feira (2), uma manifestação no Senado, em Brasília, chama a atenção para que o projeto que inclui, nos censos demográficos, informações específicas sobre pessoas com autismo seja votado antes do recesso de julho. A intenção é que estes dados sejam levantados através do questionário no próximo ano. Senão, essas questões só teriam chance de serem perguntadas no Censo de 2030.
Continua depois da publicidade
— Para o Brasil, a gente não tem uma estatística oficial. O que temos é uma estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), que calcula que 2 milhões de brasileiros sejam autistas. Aparentemente, esta é uma questão que está cada vez aumentando mais, e o Censo ajudaria bastante — disse Leonardo Cardoso, um dos idealizadores do projeto Sessão Azul, que desde 2015 exibe filmes em salas de cinema adaptadas para crianças com distúrbios sensoriais.
O projeto apresentado pela deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania-SC) em 2016, que já passou pelas comissões da Câmara, estava na ordem do dia no plenário do Senado na terça-feira passada (25). Porém, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) apresentou um requerimento para que fosse realizada uma audiência pública sobre a matéria na Comissão de Assuntos Sociais (CAS).
Uma ideia apresentada é que a coleta de dados sobre autismo não seja realizada através do censo – como propõe o texto de autoria da deputada catarinense – e sim pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). A parlamentar acredita que este não seria um retrato fiel, já que o PNAD terá números somente de capitais e regiões metropolitanas.
— Com dados concretos, ou pelo menos mais claros, a gente pode tratar melhor as políticas públicas destinada às pessoas com o transtorno de espectro autista (TEA). Pode ser até que o Censo 2020 não seja 100% como desejam as entidades que defendem e lutam pela causa. O que não podemos é esperar mais dez anos para termos um levantamento mais preciso no país — declarou Zanotto.
Continua depois da publicidade
Ainda segundo a deputada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tinha conhecimento da proposta, mas representantes do órgão alegam que não têm como incluir as perguntas sobre o tema no próximo questionário. O IBGE, em abril deste ano, já havia se manifestado, após a pressão do governo federal para cortar gastos, de que iria reduzir o questionário do Censo 2020 em 25%.
Zanotto citou, inclusive, o programa Profissão Repórter, que passou há duas semanas na NSC TV, que apresentou um caso de uma mãe que mantém acorrentado o filho de 30 anos com grau severo de autismo. Uma lei aprovada em 2012 garante aos autistas o acesso à educação. Os alunos que estiverem matriculados no ensino regular, e que comprovarem a necessidade da atenção especial, têm direito a um acompanhante especializado em sala de aula.
Ouça a reportagem: