O domingo ainda começava quando ocorreram as primeiras movimentações para lembrar a memória de Gabriella Custodio Silva, que tinha 20 anos quando foi morta com um disparo de arma de fogo, em 23 de julho, no distrito de Pirabeiraba, na zona Norte de Joinville. Ainda era 8h30 quando um ônibus com cerca de 40 pessoas e vários carros com familiares e amigos deixaram a cidade de Penha, no Litoral Norte, em direção à cidade onde a jovem teve a vida interrompida. Outros participantes saíram cedo de Curitiba para pedir agilidade na investigação do caso.

Continua depois da publicidade

A família de Gabriella, que organizou o ato, estimou que pelo menos 200 pessoas se reuniram na manifestação que começou na Praça da Bandeira e foi até a frente do Fórum de Joinville, em pouco mais de um quilômetro de caminhada. No trajeto, foram distribuídas 160 flores brancas e pompons pretos em sinal de luto que, depois, foram amarrados na grade que cerca o Fórum.

A irmã de Gabriella, Andreza, contou que a ideia de realizar um ato neste domingo começou a existir considerando a possibilidade de uma prisão, mas também da falta de conclusão do caso.

— Esperávamos que ele fosse preso nessa semana e, se isso acontecesse, o ato seria para agradecer a polícia e a justiça. Mas, como infelizmente não foi isso que aconteceu, a manifestação foi para pedir mais agilidade — explicou.

Segundo ela, havia principalmente parentes e amigos, mas o protesto também contou com a participação de pessoas que não conheciam a vítima nem sua família. Ele durou cerca de meia hora e, além das flores, os participantes também carregavam cartazes em que pediam justiça e chamavam atenção para o problema da violência contra a mulher e do feminicídio.

Continua depois da publicidade

— Isso não está nos deixando descansar. Não conseguimos viver o luto pela minha irmã porque estamos precisando lutar por justiça — lamenta Andreza.

Crisântemos e faixas pretas foram distribuídas entre os participantes do ato
Crisântemos e faixas pretas foram distribuídas entre os participantes do ato (Foto: Salmo Duarte)

Se o caso de Gabriella for considerado feminicídio pela justiça, ela terá sido a 32ª mulher de Santa Catarina morta pelo marido, namorado ou ex-companheiro por motivações que envolvem relacionamentos e misoginia em 2019.

Gabriella era casada há alguns meses com Leonardo Natan Chaves Martins, 21 anos, mas o casal se conhecia desde a infância. Ele assumiu em depoimento que estava segurando a arma do crime, mas que ela teria disparado sozinha, de forma acidental, quando os dois olhavam o revólver por curiosidade.

A arma ainda não foi encontrada. Ela ajudaria a polícia a descobrir se a versão apresentada por Leonardo é verdadeira ou não. Leonardo afirmou em depoimento que, após deixar a jovem no setor de emergência do Hospital Bethesda, em Pirabeiraba, descartou a arma no Canal do Linguado, no caminho para São Francisco do Sul.

Continua depois da publicidade

Por enquanto, a Polícia Civil investiga o caso como feminicídio. Como se apresentou à polícia cerca de 48 horas após a morte de Gabriella, Leonardo espera a investigação em liberdade.

Leia também:

Casos de feminicídios crescem 40,9% em Santa Catarina em 2019