Surfista da Joaquina de 16 anos, Matheus Herdy sobrou no Ricardo Dos Santos Pro Junior neste domingo na Guarda do Embaú, abusou dos aéreos e se sagrou campeão sul-americano na categoria até 18 anos. No feminino, a nativa da Guarda Tainá Hinckel, de 14, também deu deu show nas ondas, mas acabou vice-campeã. Os dois catarinenses vão representar o continente no mundial da Austrália.

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Depois de dois dias de tempo fechado e com chuva, a competição encerrou com um belo domingo de sol, céu azul e mar grande. O público lotou as areias da praia e fez barulho pelos competidores locais. Pouca gente, no entanto, teve coragem de entrar na água gelada: só mesmo os surfistas e as crianças.

Amigas de infância na mesma bateria

Logo na primeira bateria do dia, às 8h, as amigas Tainá e a também nativa Rafaela Coelho, de 13 anos, se enfrentaram pelas quartas de final. As duas se criaram juntas nas ondas da Guarda. Apesar da derrota, Rafa não saiu abatida.

— Todas as ondas que eu peguei eu fiz errado, não fiz o que as ondas me proporcionaram. Mas é uma grande experiência pra mim. Estou feliz de ter chegado até as quartas — destacou.

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— É sempre bom competir com os amigos, ainda mais vencendo! Está sendo uma experiência incrível poder competir em casa, com a torcida a favor — reforçou Tainá.

Na semifinal, as ondas ficaram menores, mas a surfista soube usar o fator local ao seu favor. Venceu com tranquilidade a carioca Luara Thompson. Já na final, que teve ares dramáticos, a jovem se deu mal. Logo de cara, a peruana Sol Aguirre arrancou três batidas de backside, tirando largos 8.25 pontos. Tainá ficou o restante da bateria buscando a diferença, mas não conseguiu. A melhor nota foi um 4.65. A atleta saiu do mar decepcionada, mas muito aplaudida pela torcida. Quando chegou junto à família, desabou no chão.

— Ela ficou muito nervosa, não deixou fluir. É uma pena. Tinha que ter aproveitado melhor as ondas — ponderou o pai, Luiz Carlos Kxote.

— Venho do Peru, sou a única representante do país e não esperava esse triunfo. Fui sempre respeitando os locais, ela é conhecida mundialmente. Agora estaremos juntos representando a América do Sul na Austrália — declarou a campeã.

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Matheus Herdy estava “possuído”

Ao sair do mar sabendo que já era campeão, o surfista da Joaquina Matheus Herdy não conseguia conter a euforia. O atleta foi vice-campeão sul-americano na edição passada. Por isso, foi erguido pelos amigos e ovacionado. No mar, não deu chances para o adversário saquaremense João Chianca. O manezinho sobrou nas manobras, conseguiu dois lindos aéreos com rotação completa, um de backside e outro de front, ambos com queda perfeita. Resultado: 8.67 mais 8.50, somando 17.17 pontos. O locutor destacou que o atleta estava “possuído”.

— Foi irado. Os aéreos, o vento estava bem fraco, então dava para dar para os dois lados, direito e esquerdo (…) O Ricardinho esteve presente, antes da esquerda eu só pensava nele, que ele iria me mandar ondas boas. Queria dar um cascudinho nele agora!

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Surfistas da elite homenageiam Ricardinho

Antes das finais feminina e masculina, os surfistas Yago Dora, garantido no CT do ano que vem, e Lucas Silveira, campeão Pro Junior de 2016, fizeram uma bateria extra no estilo tag team, mais uma homenagem ao surfista Ricardo Dos Santos, que leva o nome do evento. Entre os atletas dos dois times, estava Leandro “Grilo” Dora, pai do Yago, e o Willian Cardoso, atual quarto colocado no WQS e com “um pé e meio” no mundial do ano que vem.

Depois das provas, os atletas se abraçaram em uma roda e gritaram alto por diversas vezes “Ricardinho, Ricardinho”. Foi um momento de muita emoção, com a família do atleta presente.

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— Só ele para juntar toda essa galera. Praticamente todo o ano a gente consegue ter essa reunião aqui na Guarda, mas esse ano foi animal!

O mundial acontece em janeiro em Kiama, na Austrália. Além de Matheus e Tainá, representam a América do Sul a campeã feminina Sol Aguirre, o conterrâneo dela Jhonny Guerrero e os brasileiros João Chianca e Samuel Pupo.