É difícil acreditar nos próprios olhos quando se vê o pequeno Faísca, de apenas 1,33 metro, jogar capoeira de igual para igual com mestres muito mais altos e até três vezes mais pesados do que o moleque de 10 anos. Morador do Monte Verde, em Florianópolis, Luiz Felipe Vonsoski faz a arte parecer fácil com sua ginga. Atualmente, o manezinho está em campanha para realizar um desejo bastante ambicioso num destino nada convencional:

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— Meu sonho é ir para o mundial de capoeira no Azerbaijão, na cidade de Baku. É um dos campeonatos mais importantes da capoeira, é onde estão os melhores capoeiristas de todos os países.

Apesar de parecer estranho, o país muçulmano sedia anualmente desde 2013 o Campeonato Mundial de Capoeira Esportiva. Nesse ano, será realizado nos dias 11 e 12 de maio, organizado pelo governo daquele. Até lá, Faísca e seus apoiadores vão trabalhar duro para conseguir o dinheiro das passagens, que não são nada baratas. Para levar o menino e o pai, são mais de R$ 10 mil. A viagem dura 35 horas e faz conexões em Amsterdã e Moscou. Por isso, estão organizando uma boa e velha rifa.

— O Faísca nasceu pra jogar capoeira. Ele é um filho da Ilha, e muitos grupos também têm participação nessa formação, porque ele é um menino que frequenta as rodas. É uma criança que também vem da comunidade, que tem todas as dificuldades que a gente conhece, falta de incentivo, falta de apoio. Por isso eu acho que ele merece — destaca o mestre Gil Black, um dos professores do menino.

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— Hoje não tem no mundo ninguém da idade do Faísca melhor que ele — vai além o pai coruja, Márcio Vonsoski, 38 anos.

O talento do menino já chamou a atenção dos europeus. No ano passado, o menino foi convidado para apresentações de capoeira na Espanha. Encantou os gringos em Barcelona, Valência e Múrcia. Em 2016, com apenas 8 anos, também foi destaque na televisão, no programa Legendários da TV Record. Na internet, o menino é uma celebridade. A página do Faísca no Facebook tem vídeos com mais de 1 milhão de visualizações.

— Ele é o esportista mais famoso de Florianópolis depois do Guga _ brinca (ou não) o pai do guri.

E pensar que essa história começou meio que sem querer, quando o menino tinha 5 anos.
— Tem um centro comunitário perto da minha casa (Arte no Cativeiro). Meu pai foi ver os esportes que tinha lá. Daí tinha capoeira. Ele me botou, eu comecei a fazer e fui indo — explica timidamente o atleta.

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 FLORIANÓPOLIS, SC,  BRASIL, 19-03-2018: O jovem capoeirista Faísca: Luiz Felipe Vonsoski, 10 anos, está fazendo uma vaquinha após se classificar para mundial de capoeira no Azerbaijão.
Foto: Leo Munhoz / Diário Catarinense

Ajude o Faísca

A organização do evento já se comprometeu em custear a hospedagem, alimentação e transporte do Faísca em Baku. A luta é apenas pelas passagens aéreas. Desde 19 de fevereiro, parentes e amigos estão indo de porta em porta vender rifas de R$ 5 para ajudar o moleque.

O prêmio são vale-compras dos patrocinadores do Faísca. São R$ 250 na loja da Bad Boy, R$ 200 em produtos do Armazém Natural do Itacorubi, dois meses na academia New Way, do bairro João Paulo, além de um berimbau e um pandeiro. O sorteio será no dia 7 de maio. Quem quiser ajudar pode entrar em contato com o Sandro, o pai do Faísca, no número 98402-0276. Também pode ir até o Quilombo Studio, onde o mestre Gil Black dá aulas ao Faísca, na Rua Quilombo, 240, no Itacorubi.

— É um evento aberto, envolve várias entidades de capoeiras e você consegue ter uma conexão melhor com outros tipos de capoeiristas. É um campeonato bem visado. Tem premiação, mas não tem para criança. Então essa ida do Faísca é para somar na trajetória dele; e por ser uma criança que a gente sabe que tem facilidade e competência para estar num mundial de capoeira deste nível —  espera Gil Black.

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 FLORIANÓPOLIS, SC,  BRASIL, 19-03-2018: O jovem capoeirista Faísca: Luiz Felipe Vonsoski, 10 anos, está fazendo uma vaquinha após se classificar para mundial de capoeira no Azerbaijão.
Foto: Leo Munhoz / Diário Catarinense