Os atletas da delegação paralímpica do remo brasileiro viajam nesta quinta-feira (25) para São Paulo, onde seguem focados na preparação para os Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro. Antes, o grupo passou dez dias de treinamento intenso no Clube de Regatas Aldo Luz, em Florianópolis. Apesar de ser moradora da Ilha, Josiane Lima também ficou concentrada, dormindo com os demais membros em um hotel no centro de Florianópolis. No Rio, tentarão o lugar mais alto do pódio.

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Hoje com 41 anos, Josiane começou a prática da modalidade em 2006 sem muitas expectativas. Dois anos mais cedo, sofreu um grave acidente de moto em Santo Antônio de Lisboa. Perdeu a mobilidade da perna esquerda, por isso anda com auxílio de uma bengala. Mas foi só após do acidente que ela começou a praticar o remo. Mesmo assim, no ano seguinte já era campeã mundial na mundial na Alemanha. Hoje coleciona medalhas em quatro continentes.

— Sou filha de pescador nascida e criada no Sambaqui. Desde os quatro anos de idade acompanho o pai no caceio. Surfei, nadei, mergulhei, fiz travessia. Então essa experiência com a água é o que me fez despontar. Quando vi, estava no campeonato mundial. Então meio que naturalmente eu fui chegando. Claro, trabalhando fisicamente. Antes de sofrer acidente, era atleta de judô e vôlei e sou professora de Educação Física — lembra a remadora.

O remo adaptado divide os atletas segundo diferentes tipos de deficiência. São classificados pela capacidade funcional dos membros usados para mover o barco. Os remadores da classe A (arms) utilizam os braços e disputam o Single Skiff. Os da TA (trunk and arms) usam tronco e braço e podem disputar o Double Skiff, de duplas, que é a categoria da Josiane. O parceiro da manezinha é Michel Pessanha, de Salvador. O atleta foi vítima de paralisia infantil aos 9 anos de idade. Para Josiane, a preparação com Pessanha em Florianópolis foi muito proveitosa.

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— As características da Ilha, de remarmos no mar, se assemelha à Lagoa Rodrigo de Freitas, que também tem influência do mar, também tem marés cheias, não como aqui que oscila um pouco mais. Então aqui é um desafio ainda maior para o atleta, remar com a influência do vento. Diferente dos atletas europeus que treinam em rios e lagos e não têm essas variações tão grandes da natureza — explica a atleta.

A remadora já conquistou pódios em países como Alemanha, China, Polônia e Estados Unidos. Todas essas viagens foram patrocinadas pelo Comitê Paralímpico Brasileiro. Ela se sustenta através do Bolsa Pódio, programa do Ministério do Esporte para atletas de alto desempenho, e também uma bolsa destinada a paraatletas internacionais da Fundação Municipal de Esportes de Florianópolis.

Delegação brasileira do remo adaptado concentrou os treinamentos no Clube de Regatas Aldo Luz Foto: Cristiano Estrela / Agencia RBS

— Espero que, com essa proximidade com a realidade do atleta que as Olimpíadas do Rio estão fazendo, a população absorva essa questão da importância do esporte. Nós estamos representando o Brasil muito bem. Creio que a briga na minha categoria vai estar entre nós, Austrália, França, Inglaterra e Holanda — acredita.

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A Federação Internacional de Remo (Fise) defende que o remo adaptável seja incluído no programa de provas dos eventos convencionais, como já ocorro nos mundiais. Isso já ocorrerá no próximo Sul-Americano. No Rio, as provas do remo adaptado acontecem entre os dias 9 e 11 de setembro na Lagoa Rodrigo de Freitas.

Principais títulos de Josiane
2007 – Campeã mundial ma Alemanha
2008 – Bronze paraolimpíada em Pequim
2009 – Prata no campeonato mundial na Polônia
2011, 13, 14 15 – tetracampeã de remo indoor nos EUA
2012 – Prata na Copa do Mundo na Sérvia
2014 – Bronze no mundial da Holanda
2015 – Prata na Copa do Mundo na Itália

Equipe concentrada no Clube de Regatas Aldo Luz
Rene Campos Pereira – Skiff AS (Salvador)
Cláudia Santos – Skiff AS (São Paulo)
Josiane Lima – Double Skiff (Florianópolis)
Michel Pessanha – Double Skiff (Rio de Janeiro)
Coordenador técnico – Guilherme Soares
Auxiliar técnico – César Moreira

Josiane treina forte nas águas da Baía Sul Foto: Cristiano Estrela / Agencia RBS