Construído com 70 mil lugares para sediar a abertura da Copa das Confederações e outras sete partidas da Copa do Mundo de 2014, o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha surpreende pelo público que vem recebendo no Campeonato Brasileiro.

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Em cinco jogos – todos do Flamengo – a arena atraiu em média 44 mil torcedores por partida. O número é três vezes superior a média do Brasileirão até agora, de 13,7 mil espectadores.

Até o fim do ano, o novo Mané receberá, pelo menos, outros quatro jogos do Brasileirão, incluindo Flamengo x Grêmio, no próximo dia 24. Atraídos pelo novo estádio e pela chance de assistir a jogos da série A – uma situação rara para os moradores de Brasília, que não tem nenhum time na primeira divisão -, os torcedores não se intimidam com os valores dos ingressos, que costumam variar entre R$ 100 e R$ 300. O resultado são borderôs também muito acima da média nacional: a partida entre Santos e Flamengo, na primeira rodada do campeonato, rendeu R$ 6,9 milhões. Até agora, o estádio já arrecadou R$ 16,4 milhões -mais do que todos os jogos do Corinthians no Pacaembu no Brasileirão de 2012 (R$ 14,1 milhões).

Mas os lucros não voltam integralmente para o governo do Distrito Federal – que bancou a construção do estádio, ao custo de R$ 1,4 bilhão. Somente 13% da renda bruta das cinco primeiras partidas ficam com o GDF. A partir do sexto jogo, os organizadores do evento deverão destinar 15% dos ganhos para o governo, além de custear as despesas com energia elétrica. O restante da renda é dividido entre os clubes, a Federação Brasiliense de Futebol e a federação do Estado ao qual pertence à equipe mandante.

Com a renda dividida, em três meses pingaram R$ 1,3 milhão nos cofres do DF. Este valor, sim, pode ser utilizado para os gastos de manutenção do Mané Garrincha. Questionado por Zero Hora, o governo, porém, não soube informar qual o custo mensal da arena – pesar de ser o responsável por administrá-la. O sucesso também não garante que o investimento no estádio algum dia dê retorno aos cofres públicos.

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O economista Ricardo Araújo, professor do curso de Gestão de Arenas Esportivas na Trevisan Escola de Negócios, avalia que uma estrutura como a do Estádio Nacional possua um custo aproximado de R$ 400 mil ao mês. Isso indicaria que a renda com jogos do Brasileirão sustenta o pagamento das despesas. Araújo, contudo, faz um alerta: não há garantia que os clubes brasileiros continuem levando jogos a Brasília mais adiante.

– Esta utilização tem data para se encerrar. O Flamengo tem um contrato provisório para algumas partidas. Depois disso, a tendência é a utilização ficar muito difícil – diz o especialista.

Com o impasse envolvendo o consórcio que administra o Maracanã, a arena da capital federal acabou se transformando em uma alternativa para os clubes cariocas. Mas, um dia, eles voltarão ao Rio – e aí, o destino do Mané volta a ser incerto.