Após denúncias de favorecimento na aplicação de vacinas contra Covid-19 e a abertura de investigações pelos órgãos de controle do Amazonas, a campanha de vacinação foi suspensa em Manaus nesta quinta (21) por, pelo menos, 24 horas.

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A medida acontece em meio a uma explosão de novos casos da doença no estado, que na última quarta (20) atingiram o maior número em 24 horas desde o início da pandemia: 5.009 – sendo 3.662 deles na capital.

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A suspensão, recomendada por órgãos de controle do estado para a reorganização do plano de imunização dos profissionais de saúde das redes municipal e estadual, com critérios de definição de prioridades baseados na exposição ao risco, comorbidades e faixa etária, foi anunciada pela prefeitura, responsável pela vacinação em Manaus. Apenas a vacinação dos servidores do Samu foi mantida.

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Segundo a Defensoria Pública do Amazonas, a reformulação do plano de vacinação dos profissionais de saúde em Manaus foi recomendada devido à “quantidade insuficiente de doses de vacina disponibilizadas nesta primeira fase pelo ministério da Saúde, que deve ser suficiente para imunizar apenas 34% dos 56 mil servidores da saúde nas redes estadual e municipal da capital”.

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A defensoria pública informou que estado e prefeitura têm até as 13h desta quinta (21) para apresentar os critérios utilizados para a definição das prioridades da vacinação dos trabalhadores da saúde e a lista nominal dos que serão imunizados.
Lilian Nara de Almeida, a promotora da 58ª Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos à Saúde Pública do Ministério Público do Amazonas, informou também que os órgãos de controle solicitaram a lista nominal das pessoas que já foram vacinadas em Manaus.

O novo plano de vacinação será elaborado pelo Comitê de Resposta Rápida de Enfrentamento da Covid-19, integrado pelos três níveis de gestão –federal, estadual e municipal.

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A orientação dos órgãos de controle é que “a prioridade seja dada aos profissionais das unidades de referência, de média e alta complexidade, que tenham contato direto com pacientes com Covid-19, levando em conta fatores como comorbidade e a idade”.

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O que, em tese, exclui todos os servidores da rede municipal, inclusive as médicas de 24 anos, recém-formadas e com uma semana de atuação na linha de frente atendendo apenas casos leves, vacinadas na UBS Nilton Lins na última terça (19), primeiro dia da campanha na capital.

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“Havia distribuição para outros profissionais que, embora também sejam importantes neste momento, eles podem ficar para uma segunda etapa. Nesse momento é necessário fazer uma priorização para todos aqueles profissionais que estão na linha de frente, trabalhando nas salas rosas, que estão cuidando dos pacientes já na fase de intubação”, disse a promotora de Justiça Lilian Almeida.

A prefeitura de Manaus iniciou a imunização por profissionais de saúde que atuam em UBSs da própria prefeitura, que atendem apenas casos leves da doença, o que provocou críticas do Sindicato dos Médicos do Amazonas e dos órgãos de controle.
Os servidores dos hospitais de referência para Covid-19, que estão recebendo os pacientes graves, só começaram a ser vacinados no dia seguinte.

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Para o sindicato, deveriam ser priorizados, dentre os profissionais de saúde, aqueles que estão atuando nos hospitais de referência para casos graves, principalmente dentro das UTIs, dando preferência aos mais idosos e com comorbidades, como diabetes e hipertensão.

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Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, nos dois primeiros dias de vacinação na capital 1.140 profissionais de saúde foram vacinados. A Prefeitura recebeu, para esta primeira etapa da campanha, um total de 40.072 doses de vacina. O ministério da Saúde enviou para o Amazonas 282.320 doses.

Aumento de casos em Manaus

A vacinação foi suspensa em Manaus em meio a uma explosão de novos diagnósticos de Covid-19 no Amazonas. Só na última quarta (20) foram confirmados 5.009 novos casos no estado, sendo 3.632 na capital e 1.377 no interior.

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Esse é o maior número registrado em um único dia desde o início da pandemia. Até então, o recorde havia sido registrado em 29 de maio, primeiro pico da pandemia: 2.763.
Essa escalada de diagnósticos de Covid-19 deve pressionar ainda mais os hospitais de Manaus, que já enfrentam crise de falta de leitos e de oxigênio, que vem provocando a morte de pacientes internados na capital e no interior do estado, relatam médicos e as próprias prefeituras.

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Na capital, hospitais da rede pública estão superlotados e operam acima da capacidade, com pacientes internados em poltronas por falta de leitos e taxas de ocupação chegando a 111% entre os leitos clínicos e 96% na UTI Covid, segundo o boletim epidemiológico do governo amazonense.

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Na rede privada, a taxa de ocupação é de 93% para os leitos de UTI Covid e 85%, entre os leitos clínicos. E, tanto na rede pública quanto na privada, a escassez de oxigênio tem levado os médicos a pedirem que os familiares dos pacientes levem cilindros com o insumo para garantir os tratamentos em caso de novas interrupções, que não estão descartadas.

*Por Monica Prestes

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