No Brasil, as primeiras campanhas de prevenção ao câncer foram realizadas na segunda metade da década de 1940. De lá para cá, como não poderia deixar de ser, muita coisa mudou. Em relação ao câncer de mama, uma das principais mudanças teve como foco os exames preventivos.

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O autoexame era a principal estratégia de rastreamento nas campanhas das décadas de 1980 e 1990. Em 1989, marcou época o comercial de TV em que a atriz Cássia Kiss aparecia com os seios à mostra fazendo o autoexame. A partir dos anos 2000, a ênfase passou a ser o exame clínico, prática hoje corrente em consultas ginecológicas, e, principalmente, a mamografia.

O marco dessa mudança foi um documento do Ministério da Saúde publicado em 2004. De acordo com o mastologista Bráulio Fernandes, embora o autoexame evidencie que a mulher se preocupa com a saúde da mama, e isso é positivo, pesquisas científicas mostraram que ele não contribui para a redução da mortalidade da doença e pode até dar uma falsa noção de segurança.

Já a mamografia, se realizada anualmente a partir dos 40 anos (alguns médicos recomendam que seja feita a partir dos 35), reduz o risco de morte de 25% a 30%. Fernandes conta que a evolução tecnológica dos equipamentos de mamografia permite hoje um exame de ótima qualidade. No entanto, apenas 15% dos mamógrafos catarinenses apresentam o selo de qualidade criado pelo Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR).

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– Ainda assim, a maior parte dos equipamentos tem qualidade. O problema é que em mamógrafos mais antigos a visualização piora muito – diz Fernandes, que já procurou deputados estaduais para tornar o selo obrigatório em Santa Catarina, mas a questão não andou por falta de amparo legal.

Como complemento à mamografia, o médico também pode pedir exames de ultrassom e ressonância magnética. O ultrassom é especialmente útil em mamas densas, explica Fernandes.

Um aspecto, no entanto, continua o mesmo desde as campanhas da década de 1940: o medo. De acordo com a também mastologista Tânia Machado da Silva, ele é a grande razão pela qual mulheres faltam a consultas, evitam fazer os exames preventivos ou não vão buscar os resultados.

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– O estigma ainda é muito grande e independe de classe social – afirma Tânia, acrescentando em seguida, porém, que mulheres com menor poder aquisitivo tendem a aceitar melhor a doença dos que as de classe A e B.