Terminou na madrugada desta quinta-feira (25) o julgamento que condenou outros três homens — dos cinco apontados como autores — pela morte de Rudimar Gonçalves Müller e Thuane Gonçalves da Cruz em Palhoça, na Grande Florianópolis. A prisão cautelar dos réus foi mantida e eles não poderão recorrer em liberdade. A decisão cabe recurso.
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Os réus Deivid Henrique Mariano, Evandro de Lima Soares e Luciano e Silva foram condenados a 73, 48 e 41 anos de prisão, respectivamente. O julgamento iniciou às 9h de quarta (24) em após 15 horas de duração, resultou na condenação dos acusados pelos crimes de homicídio, sequestro, ocultação e vilipêndio de cadáver, corrupção de menores e organização criminosa.
Rudimar e Thuane foram sequestradas, torturados, esfaqueados e queimados vivos em novembro de 2017. Após a morte, os autores dos crimes fizeram vídeos comemorando as execuções.
O Promotor de Justiça Alexandre Carrinho Muniz sustentou a afirmação de que os crimes teriam sido motivados pelo fato de os réus, integrantes de uma organização criminosa, terem suspeitado da lealdade das vítimas. Os homicídios foram considerados praticados por motivo torpe, com emprego de fogo e tortura, sem possibilidade de defesa por parte das vítimas, segundo o MPSC. Também foi houve entendimento de motivo fútil em relação ao homicídio de Thuane.
Cinco pessoas foram condenadas
Ao todo, cinco homens foram condenados pela morte de Rudimar e Thuane. No julgamento desta quinta-feira, David recebeu pena de 72 anos e um mês de reclusão em regime inicial fechado, mais um ano e quatro meses de detenção em regime inicial semiaberto. A pena aplicada a Evandro foi de 47 anos e oito meses de reclusão em regime inicial fechado, mais um ano de detenção em regime aberto. Ambos foram condenados por todos os crimes que foram acusados.
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Luciano, inocentado dos crimes de sequestro e organização criminosa, teve pena de 40 anos e um mês de reclusão em regime inicial fechado, mais um ano em regime aberto. Inicialmente, ele era para ter sido julgado em dezembro de 2018, na mesma sessão que condenou outros dois homens pelo crime. Mas na ocasião Luciano teve o julgamento suspenso por problema de saúde de seu advogado.
Sidnei Valmir Silveira de Melo e Maicon França Taube, apontados como integrantes da organização criminosa, já haviam sido julgados e condenados em primeira instância por envolvimento nos crimes.
Na sessão, ocorrida no dia 6 de dezembro de 2018, Sidnei recebeu pena de 71 anos e um mês de reclusão e Maicon, de 47 anos e 11 meses e 25 dias de reclusão, ambas em regime inicial fechado. Além dos cinco condenados, os crimes também tiveram a participação de pelo menos dois adolescentes, conforme o Ministério Público.
Entenda o caso
O crime aconteceu na noite do dia 19 de novembro de 2017. Rudimar e Thuane foram abordados pela polícia e liberados em seguida por não terem nada considerada ilícito, conforme consta na denúncia ajuizada pela 8ª Promotoria de Justiça da Comarca de Palhoça. O documento também menciona que o casal auxiliava Deivid Henrique Mariano no tráfico de drogas.
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Deivid e Sidnei, ambos condenados, ocupavam o cargo de "disciplina" da organização criminosa, conforme o MPSC. Eles teriam desconfiado que o casal havia delatado as atividades ilícitas da facção por conta da rápida liberação na abordagem policial.

Rudimar e Thuane supostamente também teriam "curtido" uma foto na rede social de um componente de organização rival, o que teria desagradado os acusados, de acordo com o Ministério Público.
“Com auxílio de Maicon Franca Taube, Luciano e Silva e Evandro de Lima Soares deram início ao sequestro e homicídio de Rudimar e Thuane. Na mesma noite Rudimar e Thuane foram inicialmente levados à casa de Sidnei e depois, transferidos à casa de Deivid, onde foram severamente interrogados, submetidos a intenso sofrimento. O interrogatório foi gravado para servir de base para o julgamento pelos demais integrantes da facção criminosa”, de acordo com o Ministério Público.
Após ordem das lideranças da organização, Rudimar foi levado na noite seguinte até um terreno baldio no Bairro Aririú, em Palhoça, onde foi atingido por golpes de facão e, em seguida, queimado ainda vivo. Thuane foi levada até uma estrada isolada no município de Águas Mornas e morta da mesma forma.
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